O Brasil é dono de uma das maiores diversidades de embarcações do mundo, mesmo após boa parte delas desaparecerem com o tempo. Carpinteiros navais, com suas mãos habilidosas, ainda são os principais responsáveis por não deixar esse patrimônio cultural sumir. Para retratar os modelos que ainda existem, o jornalista e capitão amador João Lara Mesquita lança neste mês o livro Embarcações Típicas da Costa Brasileira (R$ 94), pela editora Terceiro Nome.
Além de entrevistar artesãos e dedicar um capítulo para contar a história das embarcações, o autor também selecionou um acervo de mais de 20 mil fotografias dos barcos em todo o litoral. "Eu não consegui fotografar apenas dois tipos de embarcações, que foram algumas jangadas do norte da Bahia e algumas no sul da Paraíba, que usam dois mastros". As imagens foram feitas desde 2005, quando navegou a costa brasileira a bordo do veleiro Mar Sem Fim.
As fotografias captadas pelas lentes de Mesquita foram classificadas no livro pelas regiões costeiras brasileiras: Norte ou Amazônica; Nordeste ou das Barreiras; Leste ou Oriental; Sudeste ou das Escarpas Cristalinas; e Sul - Litoral Meridional ou Subtropical. "Credito o desaparecimento de diversos tipos de embarcações à opção do governo brasileiro pelo transporte rodoviário", diz Mesquita. "Fazemos pouco caso da questão marítima. O desaparecimento é também reflexo da modernidade. Somos um povo marítimo e não podemos esquecer nossas raízes".
Segundo o autor, durante dois séculos após a descoberta do Brasil, ninguém penetrou no interior do País e tudo era feito por barcos a vela ou remo, daí a importância dessas embarcações. "Hoje isso é totalmente desconhecido de grande parte dos brasileiros". Jangadas, canoas, saveiros, lanchas e escunas, a vela, a remo ou a motor, estão registrados no livro. "Após o descobrimento, Portugal enviou ao Brasil seus melhores mestres náuticos. Por algum tempo o País foi o maior construtor de barcos do mundo", diz.
Da variedade de embarcações, destacam-se aquelas com as velas mais trabalhadas e nos formatos mais diferentes. As pinturas também se sobressaem, coloridas e criativas. Mas há ainda canoas entalhadas em grande toras de madeiras, semelhante às usadas pelos índios. Dentre as raridades captadas por Mesquita, foram reproduzidas no livro imagens da última canoa de pau de Copacabana, a ancestral jangada baiana de troncos e saveiros a vela do Rio Paraguassu, na Bahia.
Mesquita acumula mais de 40 mil milhas navegadas e planeja sua primeira viagem à Antártida. Além disso, foi o quarto brasileiro a participar do rali Paris-Dakar, em 1997, como navegador. Entre 1982 e 2003 foi o diretor da Rádio e Estúdio Eldorado, pertencentes ao Grupo Estado.
Lançamento - "Embarcações Típicas". João L. Mesquita. Editora Terceiro Nome. 264 págs. Preço: R$ 94.
Fonte: Felipe Branco Cruz/Jornal da Tarde