sábado, 21 de novembro de 2009

Alto colesterol facilita aparecimento de tumores, dizem pesquisas

Uma revisão científica de 21 estudos, que acessou dados de mais de 586 mil pacientes norte-americanos, apontou uma associação entre altos índices de HDL (o chamado colesterol "bom") e menor risco de desenvolvimento de câncer. Entre os pacientes avaliados, 7.928 desenvolveram tumores malignos ao longo de cinco anos. A cada 10 mg/dl aumentado de HDL, a redução de incidência de câncer foi de 21%.

O estudo foi realizado pelo Tufts Medical Center e apresentado no congresso da American Heart Association, em Orlando. "Constatamos que, nos estudos com pacientes com taxas mais baixas de HDL, a incidência de câncer foi maior", disse à Folha Richard Karas, autor do estudo. Os mecanismos que levam à associação entre as taxas de colesterol e câncer ainda não foram bem estabelecidos. No entanto, os pesquisadores levantam algumas hipóteses para explicar a relação.

Uma delas é o fato de que o HDL está relacionado a mecanismos inflamatórios. "O HDL pode ter um efeito no sistema imunológico, desempenhando um efeito anti-inflamatório. Um dos papeis desse sistema, em termos leigos, é procurar as células cancerosas e matá-las", explicou Karas. A outra hipótese, segundo Karas, está no efeito antioxidante de uma proteína que compõe o HDL. Sabe-se que substâncias antioxidantes têm efeito preventivo contra o desenvolvimento de tumores.

"É possível que o HDL atue em mecanismos inflamatórios do organismo e, por isso, contribua para reduzir as taxas de câncer. Mas não podemos deixar de lado o fato de que pessoas com níveis mais altos de colesterol "bom" geralmente apresentam melhores hábitos de vida, o que também influencia no aparecimento de câncer", observa o cardiologista Antônio Carlos Chagas, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Próstata

Um outro estudo realizado com mais de 5.000 homens pela Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, nos Estados Unidos, também mostrou que altos índices de colesterol total estão relacionados a maior risco de desenvolver câncer de próstata. Aqueles que tinham níveis totais de colesterol menores do que 200 mg/dl apresentaram 59% menos risco de desenvolver câncer de próstata agressivo.

De acordo com os pesquisadores, as moléculas de colesterol podem interferir na sobrevida das células cancerosas. Dessa forma, os tumores podem fazer uso desse mecanismo para burlar o ciclo normal de vida e morte celular.

Fonte: Julliane Silveira