O relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Programa Conjunto da ONU para HIV/Aids (Unaids) tece um elogio à América Latina --com enfoque especial no Brasil-- sobre as políticas de prevenção do HIV, sobre as quais "análises sugerem que ajudou a mitigar a epidemia no país". Na região como um todo, entretanto, o controle epidêmico é "altamente variável".
O número de pessoas vivendo com HIV na América Latina é 2 milhões, de acordo com o relatório --um crescimento de 25% em relação a 2001, quando o número de contaminados era 1,6 milhão. Outros números que aumentaram foram a taxa de crianças infectadas (de 6.200 para 6.900, no intervalo de oito anos apontado pela OMS) e de mortes em decorrência da doença (de 66 mil para 77 mil, no mesmo período de tempo).
Ainda que haja aumento, os dados epidemiológicos, segundo informa o documento, indicam uma estabilização da infecção por HIV na região.
No mundo
No panorama mundial, os dados apontam que o número de novos infectados pela doença reduziu 17% desde 2001. No entanto, o número total de pessoas vivendo com HIV era 20% mais alto em 2008, tendo como base o ano 2000. Prevalece, então, o triplo de contaminados em relação a 1990. Segundo o relatório, o crescimento do número ocorre pela combinação entre novos infectados e o sucesso das terapias antiretrovirais. Em dezembro de 2008, 4 milhões de pessoas receberam remédios antiretrovirais.
Todas as regiões do mundo progrediram quanto à estabilidade (ou queda) do índice de contaminação. A África Subsaariana, que concentra 60% dos infectados no mundo, registra uma queda de 15% em novas transmissões --o que significa, aproximadamente, 400 mil pessoas a menos. Na Ásia Oriental --região na qual se esperava uma explosão da doença-- houve queda de 25% nas contaminações, enquanto o Sudoeste Asiático registrou declínio de 10%. A região com os piores índices é a Europa Oriental, onde a epidemia se "estabilizou" devido ao uso de drogas injetáveis e ao compartilhamento de seringas.
"A boa notícia é que temos evidencias de que as quedas que estamos vendo se devem, ao menos por parte, à prevenção". disse o diretor do Unaids, Michel Sidibé. "Entretanto, as descobertas mostram que, às vezes, os programas de prevenção não resultam em nada, e que se melhorarmos a obtenção de recursos para que os programas atuem onde há mais impacto, haverá um progresso maior e se salvarão mais vidas."
No mundo, cerca de 33,4 milhões de pessoas em todo o mundo estão infectadas com o vírus da Aids. Embora este número signifique um crescimento se comparado às 33 milhões de pessoas infectadas em 2007, um maior número de pessoas está vivendo mais tempo com a doença, por conta da disponibilidade de medicamentos para o tratamento do HIV.
Entre 2007 e 2008, a proporção de pessoas com acesso a tratamento passou de 7% a 42%. Calcula-se que o número de infectados neste período tenha sido 2,7 milhões, e de mortos, menos de 2 milhões. "O número de mortes relacionadas à Aids caiu em mais de 10% nos últimos cinco anos ao passo que mais pessoas ganham acesso a medicamentos que salvam a vida", informa o relatório, cuja elaboração ocorreu a partir de dados compilados em 2008.
Fonte: Folha Online