Um relatório da organização não governamental Human Rights Watch (HRW) publicado nesta quarta-feira, 18, afirma que o presidente cubano, Raúl Castro, intensificou a repressão na ilha desde que sucedeu o irmão Fidel Castro. O informe sobre as violações de direitos humanos no país aponta que pelo menos 40 pessoas foram detidas por "periculosidade social", além dos registros de agressões constantes a dissidentes e duras condições carcerárias.
O relatório "Um novo Castro, a mesma Cuba" detalha um estado de medo permanente entre os opositores, e quando se trata da expressão de pontos de vista políticos, aterrorizam a sociedade cubana como um todo. Fidel Castro passou o poder para o seu irmão Raúl, primeiro interinamente em 2006 e permanentemente em fevereiro de 2008. Os ativistas cubanos esperavam que a mudança proporcionasse uma maior liberdade na ilha. Porém, o embargo encontrou pouca evidência disso.
A organização afirma que o governo ampliou o uso de leis que permitem a punição de suspeitos antes que eles cometam algum tipo de crime e penaliza "qualquer conduta que contradiga as normas socialistas". Segundo a HRW, a lei "captura a essência do pensamento repressivo do governo cubano, que vê qualquer pessoa que não seguir os passos do governo como uma potencial ameaça e merecedor de castigo".
A Human Rights Watch descreveu o relatório como sua análise mais extensa das condições de Cuba desde que Raúl assumiu o poder. Cuba alega que protege os direitos humanos muito melhor do que a maioria dos países, pois seus sistema comunista proporciona saúde pública gratuita, educação até o nível universitário, moradia e alimentos básicos. A ilha diz ainda que não tem nenhum preso político e que os ativistas da oposição atualmente detidos foram punidos por razões legítimas, como traição. O governo diz que os grupos opositores são mercenários de Washington.
A organização também critica o embargo imposto pelos EUA dá várias décadas. Ainda que responsabilize "plena e exclusivamente" o regime cubano pelos abusos de direitos humanos, o documento admite que, enquanto o embargo foi mantido, "o governo de Castro continuará manipulando a política americana para retratar-se como um David latino-americano que desafia um Golias americano, um papel que se aproveita habilmente".
A Comissão Cubana de Direitos Humanos, independente, e a organização "Cuba, a reconciliação nacional", cujos repórteres foram a base para muitas análises sobre a situação da ilha, afirmam que há mais de 200 prisioneiros políticos no país, número notavelmente menor do que na era Fidel. O governo cubano não reconhece a legitimidade da comissão.
Fonte: Estadão