Nas eleições deste domingo (13), alguns chilenos poderão votar em um Pinochet e outros poderão escolher uma Allende. Candidatos ao Congresso por regiões diferentes, o neto do ex-ditador e a filha do ex-presidente esquerdista concorrem no pleito deste ano e dizem que esse encontro é resultado de 'visões de mundo diferentes' e 'um produto da democracia' - respectivamente.
Aos 64 anos, a atual deputada Maria Isabel Allende Bussi é novamente candidata, agora a senadora, pela coalizão de esquerda Concertación, atualmente no poder. Em entrevista ao G1, ela disse que não se incomodar com a candidatura de Rodrigo Garcia Pinochet, já que eles concorrem em regiões diferentes. "É a primeira vez que ele concorre e isso faz parte da democracia."
Allende tem uma vasta trajetória política no Chile e chegou a ser presidente do Partido Socialista, no qual está até hoje como deputada. Ela disputa a candidatura ao Senado pela região do Atacama, que "é muito allendista", disse. Ela confirmou que estas eleições são as mais complicadas para a Concertación, pois há candidatos que deixaram o grupo para concorrer por fora - se referindo ao independente Marco Enríquez-Ominami.
Extremismo independente
Ao contrário da filha de Allende, que se mostrou mais reservada, o neto de Pinochet gosta de falar sobre seu passado familiar e sobre o que considera os méritos do governo de seu avô. Para ele, aquele foi um período que trouxe boas coisas para o Chile. "Eu não tenho vergonha da influência do meu avô, pelo contrário, tenho orgulho. Tive um vínculo muito grande com ele após o atentado [de 1986, contra um carro em que estava Pinochet]". Em seu site de campanha, ele afirma que foi o último familiar a estar ao lado do avô no momento de sua morte.
Rodrigo García concorre sem partido, de maneira independente - para isso, teve que reunir 1.054 assinaturas de apoio. Segundo ele, em 2004 houve um convite informal de pessoas da direita para que ele integrasse o partido União Democrata Independente, mas isso não se concretizou. "Não sei o que aconteceu, acho que a direita hoje em dia está perdendo suas raízes. Por isso concorro como independente com muito orgulho", afirmou em entrevista ao G1. Ele se disse preparado para o cargo. "Sou profissional, tenho 33 anos, já escrevi quatro livros (um deles sobre o atentado que sofreu) e me sinto com respaldo para ser deputado."
Fonte: Giovana Sanchez/G1