Nos camelôs na região central de São Paulo, um CD com cópias ilegais de músicas custa R$ 3, dois saem por R$ 5. As opções, porém, são limitadas. Tem Victor & Leo, com o álbum "Borboletas", e Mariah Carey, com o hit de novela "I Want to Know What Love Is". Mas nada de Pitty e NX Zero, que também estão entre os artistas mais tocados em rádios do país.
O motivo é a concorrência da pirataria na internet. De acordo com especialistas em propriedade intelectual, os consumidores preferem copiar arquivos da rede diretamente para os tocadores de MP3, sem passar mais pelos CDs. "A mercadoria está escassa aqui. O pessoal não procura mais, já baixa tudo pela internet. Logo, logo vai acontecer o mesmo com os CDs de jogos. As vendas já caíram bastante", diz um vendedor de jogos eletrônicos piratas da rua Santa Ifigênia, no centro de São Paulo. Em sete quadras, a Folha não encontrou nenhuma banca com cópias de álbuns de artistas.
Só havia CDs com canções gravadas em formato MP3, reunidas de acordo com o estilo musical. "Esse aqui é muito melhor que CD normal. Tem mais de cem músicas", propagandeava o vendedor. Na região da rua 25 de março, no centro de São Paulo, só dois camelôs vendiam CDs gravados com músicas em formato tradicional nas seis quadras percorridas pela reportagem.
De acordo com a APCM (Associação Antipirataria de Cinema e Música), o número de CDs gravados apreendidos no país caiu 74% desde 2006, no período de janeiro a setembro. "Estamos encontrando menos CDs nas ruas porque há uma quantidade menor sendo vendida", afirma Antonio Borges Filho, diretor-executivo da associação.
A Associação Brasileira de Produtores de Disco destaca que a diminuição da pirataria de CDs gravados não significa queda no número de cópias ilegais de músicas. Paulo Rosa, presidente da entidade, afirma que o mercado fonográfico é o mais exposto à pirataria digital porque o arquivo de música pode ser copiado rapidamente na internet, ao contrário do que ocorre com filmes, jogos e programas de computador.
Borges destaca que o mercado de DVDs piratas é menos afetado pela concorrência da internet que o de CDs. "A banda larga só agora se difunde no Brasil. A demora ainda é muito grande para baixar um filme ou um desenho", diz Borges.
Ele diz que, com a disseminação da internet rápida, a tendência é que haja migração também no mercado audiovisual. Segundo dados do IBGE, o acesso à banda larga duplicou no país entre 2005 e 2008. Segundo o instituto, 80% da população brasileira que acessou a internet em domicílio no ano passado usou banda larga
Fonte: Verena Fornetti/Folha de S.Paulo