A ideia de o soturno e dramático Daniel Day-Lewis, duas vezes premiado com o Oscar, cantar e dançar no palco de um filme musical pareceu tão improvável a ele, num primeiro momento, quanto pode parecer para o público. Mas o ator britânico, célebre por mergulhar profundamente em papéis intensos como o do magnata petrolífero Daniel Plainview em "Sangue negro", acabou afastando seu receio em cantar no novo musical "Nine", homenagem ao influente diretor italiano Federico Fellini -a produção estreia nos cinemas norte-americanos nesta sexta-feira (18) e foi indicada a cinco Globos de Ouro.
Cercado por um elenco estelar de atrizes, desde Sophia Loren a Penelope Cruz, Day-Lewis adota um sotaque italiano pesado para fazer o papel principal, do diretor de cinema Guido Contini, em "Nine", visto pela primeira vez como musical de teatro na Broadway em 1982. Esta semana o filme recebeu cinco indicações ao Globo de Ouro, incluindo um para Day-Lewis como melhor ator em um musical ou comédia.
"Nine" é baseado no clássico autobiográfico de Fellini de 1963 "Fellini 8", que acompanha a luta do diretor para desbloquear sua criatividade, depois de fazer o que ele considerou serem oito filmes e meio. Fellini morreu em 1963. Um dos filmes mais ansiosamente aguardados da temporada de fim de ano em Hollywood, "Nine" também tem as atrizes premiadas com o Oscar Nicole Kidman, Judi Dench e a francesa Marion Cotillard, ao lado de Kate Hudson e de Fergie, cantora do grupo Black Eyes Peas. Elas representam as musas do diretor atormentado e inspiram insights sobre sua vida e carreira.
Diferentemente das atrizes, Day-Lewis conseguiu evitar dançar muito no filme, mas disse que a maior parte do elenco tinha dúvidas quanto a sua habilidade em cantar. "Com a exceção de Fergie, não somos cantores profissionais ou amadores, então acho que todos nos perguntamos se seríamos capazes de alcançar o padrão necessário", disse ele.
O ator de 52 anos disse que há muito tempo sente uma ligação com Fellini. Por isso, teve que enganar-se para esquecer que o filme era inspirado pelo homem visto como um dos maiores diretores de todos os tempos. O filme foi co-escrito por Anthony Minghella ("O paciente inglês") e foi sua obra final antes de sua morte, no ano passado.
Mas o crédito principal de "Nine" pertence a Rob Marshall, que dirigiu "Chicago", vencedor do Oscar de melhor filme em 2002 e adaptação do musical teatral do mesmo nome. A primeira atriz que ele escolheu para o filme foi Sophia Loren, a única italiana em um filme ambientado na Itália.
Fonte: Reuters