quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Denúncias contra juízes aumentam 100%, diz CNJ

Aumentou em mais de 100% o número de reclamações contra juízes em todo o País, revela balanço anual do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em 2009, foram protocoladas 1.584 queixas e denúncias de âmbito disciplinar contra magistrados ante 726 ocorrências em 2008. A grande maioria dos relatos aponta para uma velha ferida do Judiciário, a lentidão que marca as ações judiciais.

Segundo o relatório, este ano o CNJ instaurou 125 sindicâncias para apurar supostos desvios, desmandos e falhas na atuação de juízes - em 2008, 12 sindicâncias foram abertas. Em 2009 foram instalados 16 processos administrativos disciplinares (PADs), que visam analisar a conduta ética do magistrado no exercício da função - em 2008, foram 5 PADs.

Nunca, desde a criação do CNJ, em 2004, foi tão elevado o índice de casos comunicados ao órgão, que tem a missão constitucional de fiscalizar o Judiciário. Muitas reclamações se revelam improcedentes. Outras são acolhidas. De acordo com o balanço, em 2009 o CNJ afastou oito magistrados. O conselho recebeu, ainda, entre janeiro e dezembro, volume global de 8.679 procedimentos, incluindo sugestões, ante 4.547 registros no ano passado, o que corresponde a aumento de 90%.

O balanço anual do CNJ foi divulgado pelo ministro Gilmar Mendes, que acumula a presidência do conselho e do Supremo Tribunal Federal. O relatório contém dados estatísticos sobre o total de reclamações, quantidade de sindicâncias abertas, resoluções e recomendações aprovadas e um resumo das ações de cada programa do conselho.

Fonte: Agência Estado

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Documentário de Susanna Lira retrata soropositivas brasileiras

As histórias emocionam não apenas porque revelam a rotina de quem vive há anos com o HIV, vírus causador da aids, mas também porque lembram que a contaminação poderia ter acontecido com qualquer mulher. Silvia, Cida, Heli, Michele, Ana, Maria e Rosário não tinham vida sexualmente promíscua. Pelo contrário.

Silvia e Heli nunca tiveram outros homens além dos maridos. E, por excesso de confiança nos parceiros, nunca pediram que usassem camisinha. O documentário "Posithivas", de Susanna Lira, revela rostos de vítimas de uma estatística que preocupa: 64% das brasileiras com HIV o contraíram dos maridos ou parceiros estáveis.

Especial Aids

O documentário vai ajudar o Ministério da Saúde a sensibilizar brasileiras para que exijam o uso da camisinha de todos os parceiros, seja um namorado efêmero ou um marido de anos. Houve uma exibição na semana passada, no Museu Nacional de Brasília, e outras serão marcadas ao longo das próximas semanas, antes do lançamento oficial. O mérito do filme está na força dos depoimentos das sete mulheres e no modo como elas enfrentam o estigma de serem portadoras do HIV.

Elas repetem, uma depois da outra, porque nunca pediram que o namorado ou o marido usasse camisinha. “A gente acha que o amor imuniza”, resume Heli. Dona de casa, moradora do subúrbio carioca de Piedade, Heli descobriu da pior forma possível que o amor não é tão poderoso assim. Depois de 31 anos de casada, só soube que o marido tinha aids quando ele já estava à beira da morte. Nem bem se refez do susto, descobriu que estava contaminada com o HIV. Convive com o vírus há 14 anos.

Não há médicos ou psicólogos no filme. “A voz da ciência já foi ouvida. O filme é a chance de o público ouvir experiências de verdade”, define Susanna. Para fazer "Posithivas", ela passou um ano frequentando grupos de apoio a mulheres com HIV. Viajou por várias capitais, conversou com mais de 30 mulheres até definir suas “atrizes”.

“São mulheres que se entregam com confiança aos seus maridos e namorados. Casamento é onde nós, mulheres, nos sentimos seguras”, define. Muitas aceitaram dar depoimento, mas sem mostrar o rosto. “Percebi como é grande o preconceito contra quem tem o vírus. Mas preferi só incluir mulheres que topassem mostrar o rosto. Se fizesse diferente, eu estaria ratificando o preconceito. Elas não são criminosas.”

Apesar dos dramas individuais, "Posithivas" mostra mulheres que encaram o futuro com otimismo. “Eu vi um mundo que não tem arco-íris. Mas não fiz um filme para amedrontar as pessoas. São mulheres que lutam para que a vida seja melhor para todo mundo”, diz Susanna.

Fonte: AE e Abril.com.br

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Vinte anos sem Aurélio Buarque de Holanda

O lexicógrafo, crítico literário, filólogo e professor alagoano Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989) morreu há 20 anos, porém seu legado para a língua portuguesa permanece até hoje. Aos 14 anos, ele começou a se interessar pela língua e a dar aulas de português. Ingressou no magistério um ano depois. Em 1936, com 26 anos, formou-se em Direito, na Faculdade do Recife. Nesse ano, tornou-se professor de Língua Portuguesa e Francesa, e de Literatura no Colégio Estadual de Alagoas.

Em 1938, Buarque de Holanda mudou-se para o Rio de Janeiro e continuou lecionando português. No ano de 1941, o professor foi convidado para realizar um trabalho lexicográfico, como colaborador do "Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa". 

Preocupado com a língua portuguesa, assumiu o compromisso de elaborar seu próprio dicionário. Em 1975, o "Novo Dicionário da Língua Portuguesa", conhecido como dicionário "Aurélio", foi publicado. Com o lançamento, o lexicógrafo tornou-se representante internacional dos assuntos literários e linguísticos da língua portuguesa.

Buarque de Holanda publicaria o "Minidicionário da Língua Portuguesa", também chamado de "Miniaurélio", em 1977. O "Dicionário Aurélio Infantil da Língua Portuguesa", com ilustrações do Ziraldo, viria 12 anos depois. Eleito como imortal pela Academia Brasileira de Letras, em 4 de maio de 1961, Buarque de Holanda ocupou a cadeira número 30.

Fonte: Folha de S.Paulo

Após três anos de uso, Lei das Pequenas Empresas ainda é falha

Três anos após entrar em vigor, a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, que trouxe mudanças para o segmento, ainda tem desafios a vencer. Apontado como solução para diminuir a carga tributária dos pequenos empreendimentos, o Simples Nacional (ou Super-Simples) é a face mais conhecida desse estatuto - e caminha bem, com a adesão de 3,3 milhões de empresas. Outros aspectos da lei, no entanto, ainda patinam. É o caso da regulamentação da Lei Geral nas esferas estadual e municipal, uma medida necessária para fazer valer benefícios da legislação nas cidades e Estados.

Até dezembro, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 1.173 dos mais de 5.536 municípios do País, ou cerca de 21%, tinham regulamentado localmente a Lei. Apenas 11 dos 26 Estados fizeram o mesmo. "Essa adesão representa quase 60% da população economicamente ativa do País", comenta o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto. O objetivo da entidade é chegar ao final de 2010 com 1,7 mil municípios com a Lei Geral das Microempresas regulamentada.

A implementação do estatuto da MPE nos Estados e municípios é apenas um dos desafios do Sebrae para o próximo ano. Outras criações da Lei de 2006, como uma linha de crédito especial para optantes do Super-Simples e a obrigatoriedade da destinação de 20% dos recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para microempresas, não saíram do papel.

Segundo o advogado tributarista do Centro de Orientação Fiscal (Cenofisco), Lázaro Rosa da Silva, a possibilidade de ter crédito mais fácil atraiu muitos empresários para o Simples. "Até agora, no entanto, nada foi operacionalizado", afirma. O advogado diz, porém, que o novo regime tributário simplificou procedimentos de apuração e pagamento dos tributos, facilitando a vida dos microempreendedores.

Outro benefício da legislação que avançou nos últimos anos foi o acesso das MPEs às compras governamentais. A Lei Geral criou tratamento diferenciado para essas companhias, com vantagens como maior prazo para regularização de documentos e preferência em caso de empate de ofertas. Segundo o Sebrae, a participação das MPEs nas compras do governo saltou de 8%, em 2006, para 28%, em 2008. Em agosto deste ano, chegou a 29%.

Fonte: Estadão

Nicolau Copérnico será enterrado novamente quase 500 anos após sua morte

O astrônomo polonês Nicolau Copérnico será enterrado novamente na catedral de Frombork em cerimônia solene no dia 22 de maio de 2010, mais de 400 anos após sua morte, informou o jornal "Gazeta Wyborcza".
Segundo a diocese de Ermland, no nordeste da Polônia, os ossos do cientista (1473-1543), exumados há quatro anos, serão sepultados sob o altar do templo.

A expectativa é de que as obras de construção do sepulcro, que pesará duas toneladas, comecem em janeiro. Os restos mortais do astrônomo foram achados em 2005 por arqueólogos poloneses durante escavações nos arredores da catedral de Frombork. Três anos depois, exames de DNA determinaram que esses restos pertenciam ao astrônomo

Copérnico foi o criador da teoria heliocêntrica, segundo a qual o Sol é o centro do Sistema Solar, contrariando a ideia predominante em sua época de que a Terra era quem desempenhava esse papel.

Fonte: EFE

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Mulheres já são 38% dos motoristas reprovados pelo bafômetro

O índice de mulheres reprovadas no teste do bafômetro durante as blitze da lei seca na capital paulista cresceu vertiginosamente. Levantamento feito pela Polícia Militar a pedido do governo do Estado de São Paulo mostra que, em janeiro, 5,16% das motoristas que foram paradas pela fiscalização haviam bebido antes de pegar o volante. Em outubro, esse porcentual passou para 38,6%, quase quatro em cada dez fiscalizadas.

Os dados mostram que a evolução de embriagadas na direção é praticamente constante mês a mês. Em contrapartida, o número total de detectados pelos aparelhos que medem a dosagem de álcool no sangue está em declínio - passou de 11% para 4%. A alta feminina nos flagrantes das operações é impulsionada por dois fatores principais. O primeiro - e responsável direto, acreditam os especialistas - é a mudança recente na forma de fiscalizar a lei seca. Até o primeiro semestre de 2009, a PM organizava as operações de fiscalização de forma aleatória.

Nem todos os carros que passavam pelos locais das blitze eram abordados e só fazia o bafômetro quem tivesse sinais de embriaguez. Há cinco meses, porém, a estratégia mudou e as mulheres, portanto, deixaram de ser "invisíveis" para os homens que fazem a fiscalização. O segundo fator para o aumento de embriagadas identificadas é que as mulheres estão consumindo mais álcool, o que também aumenta o comportamento de risco.

O ministro das Cidades, Márcio Fortes, que coordena o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), afirma que as motoristas são mesmo usadas como escudo para fiscalização. "Esse aumento de mulheres flagradas, para mim, indica que elas estavam sendo usadas como truque para driblar a lei seca. Um aproveitamento da imagem de que a mulher não bebe e passa batido pelos fiscais", afirma.

Fonte: Abril.com.br e AE

2000: a década que se chamou videogame

Os mais experientes entre os adeptos dos videogames diriam que todas as décadas parecem tumultuadas. Afinal, estamos falando da forma de entretenimento cuja principal plataforma de conteúdo - os consoles - é reinventada a cada cinco anos. Para aqueles que preferem jogar no PC e gostariam de estar sempre na vanguarda da tecnologia - bem, será necessário trocar de placa de vídeo e processador a cada 18 meses.

Mas a década que chega ao fim se destacou principalmente por causa da aceitação dos videogames como passatempo popular. Claro, a popularidade dos aparelhos floresceu na década de 90, quando o marketing eficiente do PlayStation conquistou uma geração de jovens endinheirados. Mas o fenômeno ainda se resumia a garotos jogando juntos. Foi só nos últimos dez anos que a indústria chegou com mais força à sala de estar da família, saindo do quarto do adolescente ou do apartamento do solteirão.

Dizem que isso decorre do impressionante sucesso do Wii, da Nintendo, mas as raízes são mais profundas. Em fevereiro de 2000, a Electronic Arts lançou o jogo The Sims, uma espécie de novela interativa que em 2002 já tinha assumido o posto de jogo de computador mais vendido de todos os tempos. A série já vendeu mais de 100 milhões de cópias e 60% de seus jogadores são mulheres.

Foi também no início da década que a Sony começou os experimentos com a tecnologia de captura de movimentos que em 2003 se tornaria o periférico EyeToy, uma câmera capaz de acompanhar movimentos simples do jogadores e traduzi-los para respostas na tela. Ao mesmo tempo, jogos que utilizavam "tapetes de dança", como o Dance Dance Revolution, encorajaram uma abordagem mais física, e seus recursos de rede de relacionamento e trilha sonora repleta de sucessos novamente atraíram o público feminino.

Em 2004, a Sony lançou seu revolucionário simulador de karaokê Singstar e, um ano mais tarde, a Harmonix nos trouxe o Guitar Hero. Essas inovações ajudaram a aproximar o videogame de atividades mais socialmente aceitas, ao mesmo tempo libertando os jogadores da tirania dos controles com sua miríade de botões e alavancas analógicas.

A disponibilidade e o explosivo crescimento da internet de banda larga também tiveram influência incalculável nos jogos da década. Até 2007, aproximadamente 300 milhões de usuários no mundo acessavam a internet por meio de conexões de banda larga. Isso levou a um impressionante crescimento dos títulos online, com jogos de tiro em primeira pessoa, evoluindo para atrair uma comunidade cada vez maior de fãs obsessivos. Os jogadores começaram a criar suas próprias fases, dando início à febre moderna do conteúdo criado pelos usuários.

Vimos também a ascensão dos RPGs online nos quais milhares de jogadoras habitam simultaneamente vastos mundos virtuais. Foi o lançamento de EverQuest, da Sony Online Entertainment, atraindo meio milhão de jogadores em meados da década e recebendo o apelido de EverCrack graças à sua viciante combinação de aventura e socialização.

Esse foi também o primeiro título online de sucesso no qual os jogadores eram capazes de vender itens virtuais do jogo por dinheiro real. A prática foi industrializada, surgiram verdadeiras fábricas de conteúdo vendável na China e na Índia, com os trabalhadores submetidos a imensa exploração.

O World of Warcraft teve impacto ainda maior. Estima-se que o jogo tenha hoje 11,5 milhões de assinantes, o que confere ao seu mundo virtual uma população superior à da Suécia. Voltemos aos consoles e ao fenomenal sucesso do PlayStation 2, ao qual se juntou posteriormente o Xbox, da Microsoft. Os dois aparelhos usaram seu significativo poder de processamento para inaugurar uma nova era de jogos dotados de ricos recursos gráficos.

Marcas como Resident Evil, Metal Gear Solid e Final Fantasy trouxeram dimensões cinematográficas aos jogos com suas extensas sequências de animação e roteiros complexos. O jogo de tiro e ficção científica Half-Life apresentou o conceito de narrativa contínua dentro da mecânica do jogo - esse novo estilo atingiria seu ápice comercial nas explosivas séries de combate Halo e Call of Duty. Ao mesmo tempo, os jogos da série Grand Theft Auto, da Rockstar, revolucionaram a estrutura dos videogames, oferecendo um grande número de missões que se desenrolam num ambiente vasto e aberto a extensa exploração.

Com o aumento do poder de processamento gráfico, os jogos começaram a ficar mais parecidos com filmes de animação, enquanto os sucessos de Hollywood cada vez mais apostaram nos efeitos produzidos por computador. Diretores como John Woo e Steven Spielberg assumiram papéis ativos no desenvolvimento de jogos: Woo participou do frenético jogo de tiro Stranglehold, da Sega, e Spielberg ajudou a projetar o excelente Boom Blox, jogo de raciocínio para o Wii.

Cineastas como Peter Jackson e James Cameron começaram a enxergar as adaptações de seus filmes para os videogames como elementos cruciais de sua "visão artística mais ampla" - ou, se preferir, do "potencial de lucro" de suas obras. A transição para a geração atual de consoles não se deu sem percalços. A Sony gastou bilhões no desenvolvimento do PS3. Quando o aparelho foi lançado em 2006, estimava-se que a Sony perdia US$ 200 em cada unidade vendida. A Microsoft, por sua vez, teve seus próprios problemas com o Xbox 360.

A Nintendo deve ter observado tudo com satisfação. Esta foi a década em que a grande veterana da indústria decidiu ficar de fora da exorbitante e dispendiosa corrida tecnológica. Em 2004, a empresa lançou o Nintendo DS, aparelho portátil repleto de recursos e dotado de interface compatível com sua tela sensível ao toque. Os críticos não souberam o que pensar, mas, por meio de títulos como New Super Mario Bros, Mario Kart DS e Nintendogs, o dispositivo revelou seu potencial, culminando no fenômeno Dr Kawashima"s Brain Training - talvez o primeiro lançamento destinado ao público mais velho.

Fonte: Keith Stuart/The Guardian

domingo, 27 de dezembro de 2009

"Ervas daninhas", de Resnais, brinca com absurdos do acaso

Nunca se sabe que surpresas reserva um novo filme de Alain Resnais ("Medos privados em lugares públicos"). Aos 87 anos, o cineasta se mostra capaz de desconcertar saudavelmente os espectadores ao trazer para a tela "Ervas daninhas". O filme, que teve sessões lotadas na última edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, entra em cartaz apenas na capital paulista.ç

O enredo adapta o romance "L'Incident", de Christian Gailly, mas Resnais transforma a história com estilo muito pessoal, seguindo um roteiro de Alex Reval. No Festival de Cannes 2009, onde "Ervas daninhas" concorreu à Palma de Ouro - a quarta vez na carreira de Resnais -, o júri presidido pela atriz Isabelle Huppert decidiu criar um troféu sob medida para ele: Prêmio Especial pelo conjunto da obra e excepcional contribuição à história do cinema. Nome longo, mas bem adequado para o diretor de obras-primas como "Hiroshima meu amor" (1959), "Ano passado em Marienbad" (1961) e "Providence" (1971).

É difícil até definir o gênero de "Ervas daninhas". Trata-se ao mesmo tempo de um drama, uma fantasia, uma comédia de tons negros e absurdos. Os personagens surpreendem os espectadores com suas reações, mantendo sua curiosidade sobre o que farão em seguida.

Há um frescor na própria maneira com que Resnais conduz sua câmera, que também nunca se sabe aonde vai nos levar. Um bom exemplo é quando ela abandona personagens falando numa sala, numa reunião familiar, e mostra as paredes, os objetos, as janelas. Enquanto isso, continua-se ouvindo ao longe a conversa entre Georges Palet (André Dussollier, de "Medos privados em lugares públicos"), sua mulher, Suzanne (Anne Consigny, de "Um conto de natal") e seus filhos.

O principal relacionamento focalizado no filme desenvolve-se entre Georges e a dentista Marguerite Muir (Sabine Azéma, também de "Medos privados em lugares públicos"). Duas pessoas que não teriam por que conhecer-se, mas cujos destinos acabam unidos pelo incidente banal de Georges ter encontrado a carteira de Marguerite, cuja bolsa havia sido roubada.

O próprio diálogo interior de Georges para decidir o que fará com essa carteira de uma desconhecida, cuja personalidade ele tenta decifrar pelas fotos de seus documentos, sinaliza uma perturbação emocional. Não que Georges seja louco propriamente, mas sem dúvida disfuncional no limite da bizarrice.

Seguem-se diversas situações marcadamente nonsense em torno da devolução da carteira - incluindo-se algumas cenas hilariantes numa delegacia em que Mathieu Amalric ("A questão humana") interpreta um excêntrico investigador. Estabelece-se, desta forma, uma relação um tanto truncada entre Georges e Marguerite, a princípio mediada por cartas e pela secretária eletrônica da dentista.

Ironicamente, as reações disparatadas de Georges terminam por despertar a curiosidade de Marguerite - não só a dela, mas a de sua colega e amiga, Josepha (Emmanuele Devos, de "Reis e rainha"). E também a triste mulher de Georges participa sutilmente desta espiral de sentimentos. Não é um detalhe gratuito que Marguerite seja piloto de avião e Georges, fascinado pela aviação. São fatos que tem, aliás, papel fundamental no desfecho, igualmente inesperado.

Fonte: Neusa Barbosa/Cineweb

sábado, 26 de dezembro de 2009

Venda de antidepressivos no Brasil supera média mundial

A venda de medicamentos antidepressivos e estabilizadores do humor cresceu 44,8% no Brasil em quatro anos, aponta levantamento realizado a pedido do G1 pela IMS Health, instituto de pesquisa que faz auditoria do mercado de medicamentos para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O volume de vendas desses medicamentos cresceu de R$ 674,7 milhões nos 12 meses acumulados até outubro de 2005 para R$ 976,9 milhões no mesmo recorte até outubro de 2009. As valores referentes a 2005 foram atualizados com base nos reajustes máximos permitidos pela Anvisa, que considera também a inflação do período.

O mercado brasileiro de antidepressivos cresce acima da média mundial há pelo menos cinco anos, segundo Marcello Monteiro, diretor da IMS Health de linhas de negócios para América Latina e responsável pelo levantamento. “O Brasil faz parte de um grupo de países classificados como “farmaemergentes”: Brasil, Rússia, Índia, Coréia, México e Turquia. Juntos, eles respondem por 50% do crescimento mundial do mercado de medicamentos”, afirma o executivo.

Dados da Previdência Social apontam que os transtornos mentais e comportamentais, como a depressão, são a terceira causa de afastamento do trabalho no Brasil. "Há uma série de doenças que a gente acha que são mais incapacitantes, mas o efeito da depressão sobre os brasileiros é muito grande", diz o médico psiquiatra Duílio Antero Camargo, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas e coordenador da comissão técnica de saúde mental da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anant).

Estímulo econômico

Segundo o diretor da IMS Health Marcello Monteiro, boas notícias no Brasil como o crescimento da economia, o aumento de renda dos trabalhadores e o envelhecimento da população estão entre os principais fatores que favorecem o aumento das ocorrências de tratamento dos “males urbanos” que, além de transtornos mentais e depressivos, incluem doenças como diabetes, hipertensão e obesidade.

Medicamentos chamados “crônicos”, específicos para tratar os males característicos do século XXI, subiram no ranking e ocupam sete posições na lista dos dez medicamentos mais vendidos no Brasil até outubro de 2009, dominado antigamente por analgésicos e antibióticos. “O forte processo de urbanização pelo qual o Brasil ainda passa estimula o consumo desse tipo de medicamento: as taxas de crescimento são menores que na Europa, por exemplo, onde essa urbanização já acabou”, diz Monteiro.

Pressão profissional

Para o médico psiquiatra Duílio Antero Camargo, do Hospital das Clínicas, elementos presentes nas relações de trabalho contemporâneas como concorrência, acúmulo de tarefas, falta de apoio social e desemprego aumentam a incidência de transtornos mentais entre os brasileiros. “Com as mudanças hoje em dia da organização do trabalho, muitas das causas da depressão estão ligadas aos relacionamentos diante do trabalho, como o estresse ocupacional ou relacionado ao mercado, desemprego e o mundo organizacional”, diz o psiquiatra.

Desde o vestibular

Foi a ansiedade para escolher a profissão na época do vestibular que levou o relações-públicas Pedro Azeredo Boschi, de 31 anos, a iniciar tratamento com medicamentos antidepressivos sob prescrição médica. "Chorava muito e estava desanimado", diz. Hoje desempregado, ele diz que a pressão e a dificuldade para conseguir trabalho em Belo Horizonte (MG), onde mora, ainda influenciam na continuidade do tratamento. "Estou desempregado faz muito tempo e não estou conseguindo um emprego. É muita cobrança", explica.

Preconceito e benefícios

Para a jornalista Cátia Moraes, 49 anos, autora do livro "Eu Tomo Antidepressivo - Graças A Deus!", da editora Best Seller, a ampliação do acesso a esse tipo de medicamento é positiva, desde que haja recomendação e acompanhamento médico. Na opinião dela, o uso de antidepressivos ainda é alvo de resistência e preconceito.

Cátia teve a adolescência marcada pela experiência de ver o pai, "alegre e extrovertido", perder o emprego e a vontade de viver por conta de uma depressão severa. Hoje, ela lamenta a escassez e a ineficiência das opções de tratamento disponíveis na época. "Fizemos na época todo tipo de tratamento: choque, psquiatria. Naquele tempo, nos anos 70, não se falava em depressão ou antidepressivo. Ele morreu quando eu tinha uns 15 anos, de um AVC", diz.

Há um preconceito em relação a esses medicamentos como não há em relação a outros. Se alguém faz tratamento para diabetes, problemas no coração, hipertensão, ninguém questiona"
Quando a própria Cátia começou a apresentar crises de ansiedade, angústia e taquicardia, no final dos anos 90, ela resistiu a iniciar o tratamento, mesmo com a recomendação de seu psquiatra.

"Foi se criando um bicho-papão. A gente via meu pai indo a médico e tomando aquele monte de remédio que não adiantava nada. Eu tinha preconceito (em relação a antidepressivos)", diz. O uso dos medicamentos, garante, melhorou radicalmente sua qualidade de vida e lhe deu mais energia e foco. "Eu trabalhei a minha vida inteira abaixo da minha capacidade", avalia.

Peso no orçamento

O tatuador Cezar Augusto Marchetti, de 31 anos, começou em 2003 a fazer uso de antidepressivos e ansiolíticos para tratar sintomas de transtorno de ansiedade quando ainda morava com os pais e havia trancado um curso de Educação Física na faculdade em São Paulo (SP). "Eram medicamentos caros, todos são", diz Cezar que, desde que foi morar sozinho passou a buscar os medicamentos no Sistema Único de Saúde (SUS), mediante a apresentação da receita médica.

"Gastava uns R$ 80, R$ 100 por mês. Sem condições", conta Marchetti, que desde o ano passado cortou os antidepressivos e manteve apenas o uso de calmantes algumas vezes por semana. "Parei porque os efeitos colaterais, como a tremedeira, me atrapalhavam no trabalho", diz. O preço do Lexapro, que está entre os dez medicamentos mais vendidos no Brasil, segundo a IMS, varia de R$ 52,54 a R$ 69,40 em cinco drogarias de São Paulo consultadas pelo G1.

“Tristeza pontual não é doença e no entanto está sendo medicada”, diz o especialista. "As primeiras vezes em que eu prescrevi antidepressivos, há cerca de 20 anos, alguns pacientes vieram para devolver a receita porque não dava para comprar, eram muito caros. Hoje eles são vendidos a preços acessíveis", conta o psiquiatra Duílio Antero Camargo, do Hospital das Clínicas.

Consumo exagerado

Na avaliação do vice-diretor do Hospital Dia do Instituto de Psquiatria do Hospital das Clínicas Elko Perissinotti, é preciso saber diferenciar um quadro de depressão clínica de tristezas pontuais naturais do ser humano antes de buscar apoio nos medicamentos. “Remédio a gente deve tomar quando a gente está doente, e de preferência bastante doente. Não existe nenhum remédio no mundo para nenhuma doença que só tenha efeitos benéficos”, afirma. Para Perissinotti, o uso de antidepressivos tem sido sobrevalorizado por pacientes e médicos, o que pode trazer riscos para a saúde e sequelas emocionais.

Fonte: Lígia Guimarães/G1

Parte desconhecida do oceano é explorada em 4 DVDs

Tudo o que você queria saber sobre os oceanos, mas tinha medo de perguntar ou não sabia para quem, está nessa série de documentários realizados pela BBC e pelo Discovery Channel. Levou cinco anos para ser concluída, filmada em cerca de 200 locações, do Ártico à Antártida, da Amazônia à Austrália. É completa e fascinante. Mesmo biólogos e oceanógrafos podem aprender algo novo. Ou, no mínimo, se deleitar com cenas belas e raras do comportamento animal.

Como lembra a narração, feita pela agradável e simpática voz do veterano David Attenborough, mais pessoas já estiveram no espaço do que nos locais mais profundos do oceano. Existem apenas cinco minissubmarinos capazes de levar cientistas a 4.500 metros de profundidade. Todos eles juntos não exploraram até agora nem 1% da superfície das planícies do fundo do mar.

O episódio sobre os abismos oceânicos é justamente um dos mais espetaculares. Cada mergulho praticamente descobre um novo ser vivo. E que seres! Os animais que vivem na escuridão e nas altíssimas pressões dos abismos estão entre os mais exóticos do planeta. São seres transparentes, com olhos enormes, e que usam a luz como arma para defesa e ataque. A "corrida armamentista" entre presa e predador é intensa.

A seleção natural dota um animal de fotocélulas que camuflam seu corpo no sutil azulado do mar; mas um predador encontra um meio de detectar essa luz tênue ou sente os movimentos da presa na água. Um camarão dispara uma cola luminescente que gruda no predador -- torna ele um alvo fácil para outros. Um peixe usa um "farol" de luz vermelha, invisível a suas presas. Um copépode -- pequeno crustáceo -- dispara "flashes" de luz para desorientar o predador.

Estrutura

Os quatro DVDs incluem extras como "making of" e entrevistas. Os cinegrafistas usaram ultraleves, helicópteros, barcos de vários tamanhos, submarinos e, é claro, mergulharam junto a seus alvos. Muitas das cenas foram filmadas pela primeira vez, como tomadas de raros comportamentos sexuais, de alimentação, ou imagens aproximadas mostrando detalhes nunca antes observados.

Um comportamento fascinante é a estratégia dos golfinhos para encurralar um cardume de sardinhas. Parte do grupo cria uma "rede" de bolhas de ar que, aos poucos, vai cercando e agrupando as sardinhas, que são devoradas na totalidade, sobrando só uma "chuva de escamas" descendo ao fundo do mar.

A trilha sonora é inventiva. Pontua bem os momentos mais dramáticos de uma caçada -- como as seis horas que um grupo de orcas levou para separar da mãe e matar um filhote de baleia --, mas há momentos bem-humorados e majestosos -- como as cenas dos pinguins saindo do mar como pequenos foguetes e pousando em terra ou em um bloco de gelo.

O único problema desses filmes é o ocasional descaso com as legendas em português. Às vezes, a palavra em inglês não é traduzida; outras vezes, há erro. Por exemplo, "sand eels" são peixes, não são "minhocas"; e a Nova Escócia fica no Canadá, não nos EUA.

Fonte: Ricardo Bolanume Neto/Folha de S.Paulo

Nova técnica resfria recém-nascidos para evitar sequelas neurológicas

A bióloga Karina Baratella, 30, ficou apreensiva quando viu o filho Giovanni, então recém-nascido, ser colocado em um colchão que resfriava todo o seu corpo. "Toda mãe quer aquecer seu bebê, colocar cobertor, touquinha. O meu filho ficava lá, só de fraldinha, todo gelado", recorda. O "sacrifício" foi por uma boa causa: o bebê foi submetido a um novo tratamento que usa a hipotermia para evitar sequelas neurológicas em recém-nascidos que nascem com asfixia. Giovanni tinha nascido desfalecido e "completamente roxo". Karina teve que esperar três dias para ter autorização para pegá-lo no colo e ele ficou nove dias na UTI. Mas hoje, aos dez meses, está bem e os exames não detectaram nenhum problema.

Falta de oxigênio

O novo método já foi aplicado pelo Hospital e Maternidade São Luiz em 18 bebês que tiveram falta de oxigenação adequada no cérebro --o que ocorre devido a diversos problemas, como descolamento da placenta. A incidência no mundo varia de um a dois casos para cada 1.000 nascimentos, e o problema pode levar à paralisia cerebral, com sequelas motoras e cognitivas.

Pela técnica, usada só em casos moderados ou graves e no máximo seis horas após o parto, o corpo do bebê é resfriado até atingir a temperatura de 33 a 34 graus. Ele permanece assim por 72 horas. "O metabolismo cerebral diminui e, por vários mecanismos, é reduzida a morte de neurônios", resume Miriam Rika, neonatologista do Hospital São Luiz.

Estudos

No Brasil, a hipotermia é induzida por um colchão. Em alguns países, é usado um capacete que resfria só a cabeça. Em centros com menos recursos, pode ser feita até com gelo. O tratamento convencional só combate as consequências do problema. "Não havia nada que atuasse na evolução da doença", diz Rika. Pesquisas mostram que o índice de mortalidade diminui de 38% para 24% após a hipotermia e as sequelas neurológicas após 18 meses, de 30% para 19%.

O método não é mais considerado experimental e vem sendo corroborado por diversos estudos internacionais. Um estudo realizado pelo Imperial College de Londres e que será publicado na edição de janeiro do "Lancet Neurology" constatou que resfriar o corpo de bebês para 33 ou 34 graus após o nascimento em casos de asfixia ajuda a reduzir de 30% a 40% os riscos de lesões neurológicas em áreas do cérebro relacionadas ao desenvolvimento da criança.

Os pesquisadores também observaram que os recém-nascidos que foram resfriados apresentaram três vezes mais chances de ter resultado de ressonâncias magnéticas normais.
Foram avaliados 325 bebês de 2002 a 2006.

Fonte: Flávia Mantovani/Editora-assistente do Equilíbrio da Folha de S.Paulo, com colaboração de Julliane Silveira

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Acordo previdenciário Brasil-Alemanha beneficia trabalhadores em ambos os países

Entre diversos acertos bilaterais selados por ocasião da última visita do presidente Lula à Alemanha, no início de dezembro de 2009, está o Acordo de Previdência Social entre os dois países, que beneficiará brasileiros profissionalmente atuantes na Alemanha e vice-versa.

Assinado pelo ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, e pelo secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, embaixador Antônio de Aguiar Patriota, o acordo assegura e regulamenta a proteção social de cidadãos brasileiros e alemães nos respectivos sistemas de previdência social, no caso particular de o cidadão residir no Estado da outra parte.

Totalização dos tempos de contribuição

Uma das novidades é que pessoas que exercerem atividades profissionais no Brasil e na Alemanha poderão somar os tempos de contribuição prestada nos dois países, a fim de preencher as condições para requerer a aposentadoria. Os períodos a serem totalizados não podem recair, no entanto, sobre o mesmo espaço de tempo.

Se um brasileiro tiver trabalhado durante um período de sua vida profissional na Alemanha e continuar trabalhando no Brasil até poder se aposentar, passará a receber as prestações previdenciárias de ambos os Estados, proporcionalmente aos tempos de contribuição em cada país.

Princípio de capacidade de exportação

Além disso, o acordo – baseado no chamado princípio de capacidade de exportação, válido dentro da União Europeia – prevê o pagamento ilimitado de aposentadorias no outro Estado. Pessoas que se aposentaram na Alemanha e passaram a residir no Brasil recebiam até agora apenas 70% do que lhes caberia se morassem na Europa. A partir de agora, o pagamento integral dos vencimentos por parte da previdência alemã também passa a valer para aposentados estabelecidos no Brasil.

Para impedir a dupla previdência

O acordo também soluciona o problema de pessoas temporariamente deslocadas por seus empregadores para o outro país. Durante uma permanência de trabalho de até dois anos, a pessoa não precisa se desligar da previdência do país de origem. Essa medida atende, sobretudo, ao interesse de empresas com funcionários atuantes no Brasil e na Alemanha, criando mecanismos para evitar a dupla previdência.

Os funcionários de empresas alemãs enviados ao Brasil, por exemplo, são isentos de contribuição previdenciária no país que os recebe temporariamente, continuando sujeitos à legislação alemã sobre a obrigatoriedade da contribuição. O mesmo vale para brasileiros que sejam enviados por seus empregadores para trabalhar na Alemanha por um período de até 24 meses.

Válido a partir de 2010

Antes de entrar em vigor, o Acordo de Previdência Social entre Brasil e Alemanha ainda deverá passar pelo crivo do Congresso em Brasília e das duas câmaras do Parlamento em Berlim (Bundestag e Bundesrat). Estima-se que ele passe a vigorar na segunda metade de 2010, após ratificação e publicação. O Brasil já tem acordos previdenciários semelhantes com Portugal e Itália, experiências que deram bons resultados até hoje.

Fonte: Simone Lopes
Revisão: Augusto Valente
Deutsche Welle

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Medula óssea: Brasil supera meta de doadores

O número de pessoas registradas como doadoras de medula óssea para transplante no País cresceu de 12,5 mil para 1,369 milhão entre 2001 e este ano. Hoje, o Brasil ocupa o terceiro lugar entre os doadores de medula, atrás apenas de Estados Unidos (5,2 milhões) e Alemanha (3,5 milhões). Com a ampliação, o País alcançou a meta do Programa Mais Saúde três anos antes da data prevista, 2011, cujo objetivo era alcançar 920 mil doadores.

O Ministério da Saúde atribuiu o aumento às campanhas no rádio e na TV - ajudadas por programas como as novelas. Como a publicidade tem funcionado, o ministério iniciou ontem mais uma campanha nacional, com o tema "Seja amigo oculto de alguém por toda a vida". Mesmo com o crescimento, o ministério informou que a campanha visa a ampliar mais o cadastro, pois os pacientes com leucemia têm dificuldades em encontrar doador compatível. Quando não há parente próximo para doar, a solução é procurar um doador no cadastro. Estima-se que para cada 1 milhão de pessoas haja apenas um doador compatível.

Atualmente, 979 pacientes estão em busca de um doador compatível no Brasil. "O ideal seria que todos os jovens e adultos fossem doadores, pois aumentaria a chance de quem necessita encontrar um que seja compatível o mais rápido possível", disse o secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame. Ele afirmou que a medula óssea recompõe-se em poucos dias e não faz falta para quem a doa.

A campanha que começou ontem terá filmes na TV, spots de rádio e anúncios em revistas e será veiculada até o dia 27. Diz que o doador é um amigo que, apesar de não ser conhecido por quem é presenteado, está exercendo a solidariedade com os que precisam.

Para se cadastrar, o doador deve procurar o hemocentro mais próximo de casa. Para saber onde fica, basta entrar em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de sua cidade. O doador deve ter entre 18 e 55 anos. Não pode ter doença infecciosa transmissível pelo sangue. Se for verificada compatibilidade com algum paciente, o doador é chamado a fazer testes confirmatórios e fazer a doação. De acordo com o ministério, além de ser indicado para o tratamento de leucemia, o transplante de medula óssea é utilizado em casos de linfomas e de alguns tipos de anemia.

Fonte: Estadão

Artistas pernambucanos radicalizam 15 anos após movimento mangue beat

A imagem-símbolo de uma antena parabólica enfiada na lama tinha contornos de utopia quando lançada no manifesto "Caranguejos com Cérebro", documento fundador do mangue beat, em 1992. Num tempo em que internet era privilégio de poucos, a conexão do mangue com o mundo criou uma identidade contemporânea cultural para Recife no ritmo da linha discada.

Era a combinação das tradições pernambucanas, na música, com cultura pop e hip hop, e, no cinema, com os rituais legitimadores do eixo Rio-São Paulo. Ainda assim, era uma novidade radical o suficiente para reverberar até fora do país e transformar a capital pernambucana em polo cultural. O músico Zé Cafofinho, o cineasta Gabriel Mascaro, a cantora Catarina Dee Jah e o também diretor Tião

Duas gerações e incontáveis gigabytes de informação depois, aquela alegoria se mostra profética. Descompromissada da afirmação da "pernambucanidade", uma nova geração de músicos e cineastas --em geral, com menos de 30 anos- faz um elogio ao pluralismo. Bebem tanto no crescimento caótico da metrópole quanto em filmes coreanos que talvez nunca estreiem no Brasil. E promovem uma nova antropofagia global quase instantânea, na velocidade da banda larga.

Os saltos tecnológicos da última década são a força motriz da evolução na produção dos artistas de agora, na opinião de Renato L., 46, um dos mentores do mangue beat e hoje secretário de Cultura do Recife. "Não acho que exista contraponto mas desdobramento. Cineastas como Lírio Ferreira e Cláudio Assis eram muito bem informados. Chico Science fazia sampler do The Fall", lembra. "Só que isso hoje acontece num grau mais exacerbado, pela capacidade dos artistas tanto de digerir informações como de disseminar seus trabalhos."

A sintonia da nova geração é com um "modus operandi" típico do mundo globalizado: produção simplificada e divulgação em redes, pulverizada. Trata-se de uma escolha em termos. O discurso que contesta os meios de produção tradicionais ecoa no limite de recursos do fomento público. Desde 2007, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) ampliou em 200% os recursos para produções independentes. Hoje, conta com orçamento de R$ 6 milhões apenas para a produção audiovisual.

"Antes, o fomento era individual. Quem tinha acesso ao poder é que tinha fomento", diz Luciana Azevedo, 53, presidente da Fundarpe. "Hoje, os recursos estão alocados majoritariamente em editais, democratizando o acesso a eles", discursa. A parabólica na lama ligava, ponto a ponto, Recife a só um outro lugar. No mundo da internet sem fio, todas as conexões podem levar a Recife; e levar Recife a todo lugar.

Fonte: Fernanda Mena/Folha de S.Paulo

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Album "Piquenique" traz Ed Motta de volta ao pop


Ed Motta e Edna Lopes são casados há 19 anos. Ele é um cantor conhecido desde o final dos anos 90, quando colocou a canção "Manuel" na boca de toda uma geração. Ela, uma roteirista de quadrinhos. Pela primeira vez, os dois decidiram se unir e compor as canções que fazem parte de "Piquenique", novo álbum de Ed que volta a dialogar com o pop.

"Nem por brincadeira tínhamos pensando em fazer alguma canção juntos. A ideia surgiu depois de um jantar regado a muito vinho", revela Ed por telefone, quando saía de um restaurante vegetariano em São Paulo. "Vim almoçar em um vegetariano para tirar minha culpa. Falei pra minha mulher que, já que é Ano Novo, eu tinha direito de comer macarrão. Estou comendo todo dia", brinca, sobre a tentativa frustrada de levar adiante mais uma dieta.

"Piquenique" é uma resposta de Ed para os fãs que esperavam mais um trabalho pop no estilo de "Manoel" e do CD "Manual Prático Para Festas, Bailes e Afins", de 1997. "Queria ter lançado este disco no ano passado, só que não tinha uma quantidade de músicas suficiente. A Turma da Pilantragem, com a Maria Rita, por exemplo, fazia parte do disco passado, mas não tinha a ver com o álbum (Chapter 9, de 2008)."

Os arranjos minimalistas - com bateria programada e raros instrumentos - e os poucos músicos convidados para o processo foram propositais. Ed quis que cada música tivesse uma moldura e uma atmosfera radiofônica. "Antes que alguém pegue a canção e faça um remix dela", justifica. A parceria com a esposa está em 11 faixas, e "Nefertiti" é a única que aceitou Rita Lee como ?intrusa?.

"Ninguém me conhece melhor do que a minha esposa. É a primeira vez que canto a minha realidade, pois sempre cantei a ideia dos letristas. Agora estou botando o meu na reta. Tem uma música chamada Nicole Versus Cheng, por exemplo, que é a letra mais legal que já cantei na vida. É detetivesca, quase um roteiro de quadrinhos." As letras se desenrolaram como um jogral entre o casal, com cada um resolvendo uma frase. Além dos quadrinhos, as letras de "Piquenique" versam, em sua maioria, sobre o relacionamento e o cotidiano do casal.

Fonte: Jornal da Tarde


Foto: Martha Lange

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Marta é a melhor do mundo pela quarta vez, superando Ronaldo e Zidane

A atacante brasileira Marta, do Santos, foi eleita nesta segunda-feira a melhor jogadora do mundo em 2009 e se transformou na maior vencedora da história do prêmio concedido pela Fifa. A jogadora de 23 anos ganhou o prêmio pelo quarto ano consecutivo, superando assim o atacante Ronaldo, o ex-meia francês Zinedine Zidane e a alemã Birgit Prinz, que receberam o troféu três vezes cada.

Na eleição deste ano, Marta, a mais jovem das finalistas, somou 833 pontos. A segunda colocação ficou com Prinz, que fez 290. A inglesa Kelly Smith foi a terceira, a brasileira Cristiane ficou em quarto e a alemã Inka Grings terminou no quinto lugar.

"Foi um ano praticamente perfeito, em que fiz a minha estreia na liga americana. Tivemos uma temporada regular muito boa, mas acabamos perdendo no último jogo. Foi muito positivo. A minha ida e das meninas para o Brasil também foi de grande importância. Queremos ver o futebol feminino como uma realidade", disse a jogadora.

Sem grandes competições com a seleção neste ano, a melhor jogadora de 2009 se destacou defendendo duas equipes: o Los Angeles Sol e o Santos. Marta começou a temporada como a maior atração não apenas da equipe da Califórnia, como de toda a WPS, a liga feminina norte-americana profissional de futebol.

Artilheira da competição, a brasileira ajudou o time de Los Angeles a ser vice-campeão da liga antes de ser emprestada por três meses ao Santos. De volta ao futebol brasileiro, Marta conquistou os títulos da Copa do Brasil e da primeira edição da versão feminina da Taça Libertadores da América. A camisa 10 encerrou o ano ajudando a seleção a ganhar Torneio Internacional Cidade de São Paulo, encerrado no domingo, com uma goleada por 5 a 2 sobre o México, no Pacaembu.

Veja todas as vencedoras da história

2009 - Marta (BRA)
2008 - Marta (BRA)
2007 - Marta (BRA)
2006 - Marta (BRA)
2005 - Brigit Prinz (ALE)
2004 - Brigit Prinz (ALE)
2003 - Brigit Prinz (ALE)
2002 - Mia Hamm (EUA)
2001 - Mia Hamm (EUA)

Fonte: Folha Online

Fim de ano: brasileiros trocam dívidas velhas por novas

Com o 13º salário em mãos, gratificações, férias e outros recursos extras de fim de ano, o brasileiro está quitando dívidas antigas para fazer novas. Conforme os representantes das instituições financeiras ouvidos por VEJA.com, os consumidores que estão pagando as obrigações pendentes já voltaram às compras graças a novos empréstimos e parcelamentos. "Comparando as duas primeiras semanas de dezembro com as de novembro, tivemos um crescimento de 40% nas vendas de crédito", diz Hilgo Goncalves, executivo-chefe da Losango. Na comparação com dezembro de 2008, a alta é de 10%.

Segundo Ricardo Flores, vice-presidente de crédito e controle do Banco do Brasil (BB), o carro-chefe da concessão de recursos à pessoa física é o crédito consignado, que em setembro tinha uma carteira de 34 bilhões de reais. "Essa modalidade responde pela menor inadimplência do banco", diz, sem revelar números. Ele acrescenta que, normalmente, dezembro é um mês em que a retomada dos pagamentos cresce entre 25% e 30% em relação à média do ano. "E este mês não deverá fugir à regra", prevê.

Alerta - Como lembra Marcelo Malanga, superintendente executivo de recuperação de crédito do Grupo Santander Brasil, os créditos rotativos como cartão de crédito e cheque especial são os primeiros a darem sinais de alerta de endividamento. "Quando isso acontece, a saída muitas vezes é a aquisição de um crédito parcelado para sanar o problema". Segundo Malanga, 15% a 20% dos clientes que tinham atrasos constantes regularizaram sua situação.

De acordo com Roberto Alfeu, presidente do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) Brasil e do Clube de Diretores Lojistas de Belo Horizonte, 80% das transações comerciais no país são feitas a prazo. "São quase dez milhões de pessoas entrando no nosso banco de dados todo mês e outros 9,5 milhões saindo", avalia. Ainda segundo ele, quase 40% dos consumidores incluídos na lista conseguem limpar o nome após 13 dias da notificação.

Na cidade de São Paulo, a inadimplência teve alta de 6 pontos porcentuais entre novembro e dezembro, passando de 14% para 20%, segundo dados da Federação do Comércio (Fecomercio). De acordo com Alfeu, esse tipo de comportamento já era esperado. "Esse número volta a cair com a entrada da segunda parcela do 13º salário e outros recursos extras", afirma.

Orientações

Para quem ainda não gastou o dinheiro extra de fim de ano e ainda pensa em fazer mais compras, Ioni Amorim, economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), aconselha liquidar as pendências antes de envolver-se em novas dívidas. "Dependendo da perspectiva de renda, é preferível nem comprar".

A prioridade, segundo Ione, é pagar cartão de crédito e cheque especial. "A lógica é simples: geralmente, a taxa de juros desses produtos é muito maior do que a taxa de remuneração que o recurso aplicado possa render".

Fonte: Luiz de França/Abril.Com

Hacker alega autismo para amenizar punição

Um dos pirata virtual mais famosos do mundo alega que pode ter um tipo de autismo e pediu ao juiz que seja complacente na sentença, em julgamento por sua participação no planejamento de um dos maiores casos de roubo de identidade dos Estados Unidos. O juiz do tribunal federal de Boston adiou a sentença de Albert Gonzalez por três meses, para que os advogados tivessem tempo para analisar a alegação do pirata virtual de que sofre de síndrome de Asperger.

A defesa de Gonzalez contratou um psiquiatra que determinou que o comportamento criminal do pirata virtual "é consistente com a descrição da síndrome de Asperger" e de "vício de internet", segundo documentos enviados ao tribunal. A síndrome de Asperger é uma forma mais branda de autismo, em que os interesses do paciente por coisas específicas chega a ser quase obsessivo, segundo a Sociedade de Autismo.

De acordo com a acusação, Gonzalez teria liderado um grupo de piratas virtuais que invadiu sistemas de computador e roubou mais de 170 milhões de números de cartões de crédtio e débito da processadora de dados Heartland Payment Systems, além das varejistas TJX Cos, BJ's Wholesale Club e Barnes & Noble. Gonzalez, ex-informante do governo, confessou sua participação no crime, mas afirma que não foi o líder dos ataques.

Ele enfrenta uma sentença de prisão de 15 a 25 anos e teve confiscados US$ 1,1 milhão de dólares, um condomínio em Miami, uma pistola Glock e vários computadores, segundo documentos do tribunal. O advogado de Gonzalez, Martin Weinberg, informou que ele está pedindo pena mínima porque um psiquiatra determinou que seu cliente sofre de "capacidade reduzida".

Fonte: Reuters

BBC vai priorizar apresentadoras maduras em sua programação

A emissora britânica "BBC" tentará desmentir aqueles que a acusam de discriminar as mulheres maduras recolocando à frente das câmeras apresentadoras que já passaram dos 50 anos. Julia Somervillke, de 62 anos, Fiona Armstrong, de 53, e Zinab Badawi, de 50, estão prestes a assinar contratos muito lucrativos com a emissora pública, informa hoje o jornal "The Daily Telegraph".

A decisão é consequência da advertência lançada há um ano pelo diretor-geral da "BBC", Mark Thompson, segundo quem as acusações de discriminação por idade continuariam, a menos que mulheres maduras fossem contratadas para estes postos. A emissora estatal causou reações negativas, especialmente entre as espectadoras, quando decidiu afastar uma apresentadora com mais de 30 anos de experiência.

Atualmente, a única apresentadora de um programa de notícias da "BBC" com mais 50 anos é Maxine Mawhinney. A decisão de contratar âncoras de mais idade foi bem recebida por Joan Bakewell, assessora do Governo e da própria emissora, que recentemente reclamou com Thompson do fato de a "BBC" ter vários cinqüentões como apresentadores.

"Alegra-me que a 'BBC' tenha decidido voltar a contratar mulheres com talento, capazes de entrevistar tanto (a secretária de Estado americana) Hillary Clinton como o ator Clint Eastwood", destacou Bakewell.

Fonte: EFE

Uma em cada cem crianças tem autismo nos EUA

Uma em cada cem crianças americanas de até oito anos tem autismo, revela um novo estudo dos CDCs (Centers for Disease Control and Prevention). A incidência é cinco vezes maior entre os meninos do que entre as garotas.

Segundo Catherine Rice, que liderou o estudo, tem crescido o número de casos de autismo em todos os grupos raciais. Para ela, isso se deve a uma melhor detecção, especialmente em grupos que antes não tinham tanta atenção, como as crianças hispânicas. A maioria das crianças pesquisadas apresentou sintomas antes dos três anos de idade, mas o diagnóstico só foi feito depois dos quatro anos.

Fonte: Folha de S.Paulo

domingo, 20 de dezembro de 2009

Ouvidos de mercador: faz 182 anos que a ciência alerta sobre o aquecimento global

Os alertas de cientistas sobre o risco de aquecimento anormal do planeta não começaram com os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC , na sigla em inglês). Depois de publicar avaliações em 1990, 1995 e 2001, o painel lançou em 2007 o documento que se tornou o consenso científico sobre aquecimento , elaborado por nada menos que 1.200 cientistas independentes e 2.500 revisores.

Mas a investigação científica sobre esses processos climáticos começou há muito tempo. Precisamente 180 anos antes do 4º relatório do IPCC ser divulgado, o matemático e físico francês Jean Baptiste Fourier já havia calculado que a Terra seria muito mais fria se não existisse a atmosfera. Trinta e dois anos depois de Fourier, o irlandês John Tyndall descobriu, em 1859, que alguns gases, como dióxido de carbono e metano, aprisionam a radiação infravermelha, criando o efeito estufa. Em 1896, o químico sueco Svante Arrhenius (prêmio Nobel de química em 1903) apontou a queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) como produtora de dióxido de carbono (CO2) e calculou que a temperatura da Terra aumentaria 5°C com o dobro de CO2 na atmosfera.

As medições empíricas começaram para valer em 1958, quando o americano Charles David Keeling pôs em operação uma estação de medições de dióxido de carbono no alto do monte Mauna Loa, no Havaí (a 3,4 km do nível do mar), e detectou a elevação anual de CO2 atmosférico com o aumento do uso dos combustíveis fósseis no pós-guerra.

Concentração de gases-estufa é a maior já registrada, diz agência da ONU Entenda a importância de um novo acordo sobre mudanças climáticas Mais uma conferência sobre clima, e acordo ambicioso ainda é miragem

Coleta e processamento

Foi só nas últimas décadas que um certo ceticismo da comunidade científica foi rompido. Primeiro porque passou a ser viável obter séries longas de dados climatológicos para diferentes regiões do globo, o que permitiu observar alterações significativas em escala planetária, e não apenas numa região específica. Também passaram a ser desenvolvidos computadores com a potência necessária para processar modelos de simulação dos processos físicos, químicos e biológicos que afetam todo o sistema climático.

Em 2001, relatório do IPCC previu aumento de 1,4°C a 5,8°C na temperatura do planeta até 2100. Seis anos depois, o quarto relatório do IPCC defendeu que o aquecimento global é “inequívoco”, prevendo aumento médio de 3°C caso a concentração de gases-estufa dobre.

O IPCC foi criado em 1988, um ano depois da assinatura do Protocolo de Kyoto. “Filho” de duas agências das Nações Unidas – a que trata de meio ambiente (Pnuma) e a dedicada à meteorologia (WMO, na sigla em inglês) – seu objetivo é usar a literatura científica para compreender e avaliar a extensão das mudanças climáticas. Outro objetivo é avaliar o potencial da humanidade para adaptar-se às alterações ou fazer frente a elas. Junto com o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, os cientistas do IPCC até ganharam o Nobel da Paz, em 2007.

Fonte: G1

sábado, 19 de dezembro de 2009

João Paulo II cada vez mais próximo da beatificação

O processo que deve converter em santo da Igreja Católica o papa João Paulo II avançou no sábado quando seu sucessor, Bento XVI, aprovou um decreto em que reconhece que o falecido pontífice foi um seguidor da fé cristã de forma heróica. O decreto das "virtudes heróicas" é um passo-chave no processo pelo qual a Igreja reconhece seus santos.

O falecido líder religioso agora terá o título de "venerável". O passo seguinte é o reconhecimento de um milagre atribuído a João Paulo II, morto em 2005. Espera-se que isso ocorra no início do próximo ano, abrindo caminho para que seja beatificado, etapa final antes da santidade.

Fonte: Reuters

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

ISTO É BRASIL: Ibama proibido de fiscalizar desmatamento

Enquanto ambientalistas das ONGs e do governo estavam todos na Dinamarca na Conferência do Clima, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que pode impedir que o Ibama continue fiscalizando o desmatamento. Pela nova regra – que ainda precisa passar pelo Senado –, apenas as secretarias estaduais de meio ambiente teriam poder para multar atividades ligadas ao desmatamento, como a fabricação de carvão e as serrarias. O Ibama só teria poder de fiscalização nas atividades que licencia, como grandes hidrelétricas e estradas.

Serraria suspeita de falsificar documentos é bloqueada no Pará Decreto suspende multas a quem desmatou ilegalmente Desmatamento da Amazônia é 'dragão adormecido', diz pesquisador ONG recebe R$ 10 milhões para ajudar cidades a reduzirem desmatamento Imazon detecta desmatamento de 194 km² na Amazônia Legal em outubro Exposição fotográfica traz para São Paulo o desmatamento da Amazônia

Para o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo, o projeto de lei deixa o órgão ambiental federal de “mãos atadas”, especialmente na Amazônia. “Teríamos uma explosão do desmatamento incalculável, inimaginável”, afirma ele, que coordena a fiscalização ambiental em todo o país.

Segundo Evaristo, as secretarias estaduais não estão preparadas para absorver toda a demanda pela repressão ao desmatamento ilegal. “As secretarias de meio ambiente dos estados estão com capacidade licenciadora, mas zero de capacidade fiscalizadora. É o Ibama que faz o monitoramento, é o Ibama que fiscaliza.”

Desmatamento

A redução do desmatamento é uma das principais apostas brasileiras para diminuir a emissão de gases causadores de efeito-estufa, representando mais de 60% da nacional. A menor derrubada da mata também é condição necessária para que o Brasil continue a receber recursos no Fundo Amazônia.

Fonte: Iberê Thenório/Globo Amazônia

Homenagem a Fellini, "Nine" tem até Day-Lewis cantando e dançando no musical

A ideia de o soturno e dramático Daniel Day-Lewis, duas vezes premiado com o Oscar, cantar e dançar no palco de um filme musical pareceu tão improvável a ele, num primeiro momento, quanto pode parecer para o público. Mas o ator britânico, célebre por mergulhar profundamente em papéis intensos como o do magnata petrolífero Daniel Plainview em "Sangue negro", acabou afastando seu receio em cantar no novo musical "Nine", homenagem ao influente diretor italiano Federico Fellini -a produção estreia nos cinemas norte-americanos nesta sexta-feira (18) e foi indicada a cinco Globos de Ouro.

Cercado por um elenco estelar de atrizes, desde Sophia Loren a Penelope Cruz, Day-Lewis adota um sotaque italiano pesado para fazer o papel principal, do diretor de cinema Guido Contini, em "Nine", visto pela primeira vez como musical de teatro na Broadway em 1982. Esta semana o filme recebeu cinco indicações ao Globo de Ouro, incluindo um para Day-Lewis como melhor ator em um musical ou comédia.

"Nine" é baseado no clássico autobiográfico de Fellini de 1963 "Fellini 8", que acompanha a luta do diretor para desbloquear sua criatividade, depois de fazer o que ele considerou serem oito filmes e meio. Fellini morreu em 1963. Um dos filmes mais ansiosamente aguardados da temporada de fim de ano em Hollywood, "Nine" também tem as atrizes premiadas com o Oscar Nicole Kidman, Judi Dench e a francesa Marion Cotillard, ao lado de Kate Hudson e de Fergie, cantora do grupo Black Eyes Peas. Elas representam as musas do diretor atormentado e inspiram insights sobre sua vida e carreira.

Diferentemente das atrizes, Day-Lewis conseguiu evitar dançar muito no filme, mas disse que a maior parte do elenco tinha dúvidas quanto a sua habilidade em cantar. "Com a exceção de Fergie, não somos cantores profissionais ou amadores, então acho que todos nos perguntamos se seríamos capazes de alcançar o padrão necessário", disse ele.

O ator de 52 anos disse que há muito tempo sente uma ligação com Fellini. Por isso, teve que enganar-se para esquecer que o filme era inspirado pelo homem visto como um dos maiores diretores de todos os tempos. O filme foi co-escrito por Anthony Minghella ("O paciente inglês") e foi sua obra final antes de sua morte, no ano passado.

Mas o crédito principal de "Nine" pertence a Rob Marshall, que dirigiu "Chicago", vencedor do Oscar de melhor filme em 2002 e adaptação do musical teatral do mesmo nome. A primeira atriz que ele escolheu para o filme foi Sophia Loren, a única italiana em um filme ambientado na Itália.

Fonte: Reuters

Proteínas podem bloquear vírus da Gripe A, garantem cientistas

Proteínas naturais do ser humano bloqueiam a reprodução do H1N1, o vírus causador da nova gripe. A compreensão dessas funções, antes ignoradas pela ciência, abre caminho para tratamentos mais eficazes, anunciaram nesta quinta-feira (17) pesquisadores do Howard Hughes Medical Institute, liderados por Stephen Elledge. Os resultados do estudo americano foram publicados na versão on-line da revista “Cell”.

A ação das proteínas pode desacelerar a disseminação da influenza pandêmica. A proteína também consegue bloquear outros vírus, como o da dengue e da febre do Nilo. Sem a presença das proteínas da clase IFITM3, o H1N1 se reproduz 5 a 10 vezes mais rápido, explicou Elledge. Elevando os níveis de IFITM3, o vírus da nova gripe foi totalmente bloqueado. Proteínas da classe IFITM1 e IFITM2 também são eficazes no combate ao vírus influenza A (H1N1), a qualquer outra cepa de vírus da gripe e, para surpresa dos cientistas, ao vírus de dengue e de febre do Nilo.

O estudo contou com a colaboração de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade Harvard, do Hospital-Geral de Massachusetts, da Faculdade de Medicina da Universidade Yale e do Wellcome Trust Sanger Institute, em Cambridge, Reino Unido. Os pesquisadores ainda não têm certeza dos mecanismos pelos quais a IFITM3 e suas “primas” conseguem barrar vírus. Não se sabe ainda se uma longa exposição a níveis maiores que os normais de IFITM3 pode ser prejudicial ao organismo humano.

Fonte: G1

Professora Cleonice Berardinelli assume cadeira deixada por Antonio Olinto na ABL

A ABL (Academia Brasileira de Letras) elegeu a professora Cleonice Berardinelli para suceder Antonio Olinto na cadeira número 8. Cleonice Berardinelli, 93, é professora, e considerada a maior especialista em literatura portuguesa do Brasil, estudiosa de Camões, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa e José Saramago. Ela sucederá ao escritor Antonio Olinto, falecido em setembro passado. A data da posse será marcada em janeiro próximo.

"Dona Cleo", como é carinhosamente chamada por seus alunos e colegas de magistério, recebeu trinta votos já no primeiro escrutínio, enquanto o professor Ronaldo Costa Couto, considerado seu concorrente mais forte, obteve nove votos. Formada em Letras Neolatinas pela USP (1938) e livre docente pela UFRJ (1959) com uma dissertação intitulada Poesia e poética de Fernando Pessoa. Já orientou mais de cem dissertações e teses, e foi eleita a Personalidade Cultural de 2009 pela União Brasileira de Escritores.

A Cadeira nº 8 foi fundada por Alberto de Oliveira, que escolheu como patrono Cláudio Manoel da Costa. Foi ocupada sucessivamente por Oliveira Viana, Austregésilo de Athayde, Antonio Callado, e Antonio Olinto.

Fonte: Folha Online

Força da virose: gripe A sobrevive dois dias fora do corpo e minutos na pele

A maioria das pessoas sabe que vírus da gripe e do resfriado podem contaminar maçanetas de porta, torneiras e outras superfícies. Mas por quanto tempo? Estudos mostraram que o tempo de sobrevivência para ambos os tipos de vírus varia bastante, de alguns segundos a 48 horas. As razões estão relacionadas a vários fatores, incluindo o tipo de superfície, umidade e temperatura.

Por exemplo, vírus da gripe e do resfriado sobrevivem mais tempo em superfícies inanimadas não-porosas, como metal, plástico e madeira, e menos em superfícies porosas, como roupas, papel e tecido. A maioria dos vírus causadores da gripe consegue viver de um a dois dias em superfícies não-porosas, e de 8 a 12 horas em superfícies porosas. Porém, um estudo de 2006 descobriu que a gripe aviária parecia particularmente durona, sobrevivendo até seis dias em algumas superfícies.

Vírus do resfriado, no entanto, se deterioram rapidamente. Um estudo de 2007 descobriu que, quando objetos de um quarto de hotel --interruptores, telefones-- foram contaminados com um vírus da gripe, 60% dos voluntários saudáveis pegaram o vírus quando tocaram em um dos objetos uma hora mais tarde. Dezoito horas depois, o índice de transmissão caiu pela metade.

Na pele, os vírus da gripe e do resfriado geralmente duram menos de alguns minutos, mas isso pode ser o suficiente para a transmissão: estudos mostram que a maioria das pessoas toca suas mãos ou boca várias vezes durante suas atividades diárias --o suficiente para causar uma infecção.

Fonte: The New York Times

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Silvio Santos terá vida contada em filme em 2010

"Está vendo aquele ali? Sou eu quando criança", diz Silvio Santos, em agosto de 2001, para Fernando, sequestrador que invadiu a casa do apresentador, em Alphaville, e o manteve como refém. A partir daí, a câmera foca a velha fotografia de Silvio, exposta na estante, e por meio de um flashback conta a sua história. É assim que deverá começar o filme que contará a história do filho de imigrantes que se tornou um dos maiores comunicadores do País.

"A história de Silvio é a história do Brasil a partir do século 20", diz o diretor Carlos Augusto de Oliveira, o Guga, que comprou, há mais de dois anos, os direitos para a adaptação cinematográfica da biografia "A Fantástica História de Silvio Santos" (2000, Editora do Brasil), de Arlindo Silva. "Ele (Silvio) nasceu em 1930 e é filho de imigrantes gregos. Viu a Revolução de 30, a Segunda Guerra Mundial, o Golpe Militar, o surgimento da TV, quase virou presidente da República e é dono de uma das maiores emissoras de TV do País."

Guga aguarda uma assinatura de Silvio para iniciar as filmagens do longa, que deve levar o mesmo nome do livro, por exigência de investidores. "Tivemos um aporte financeiro internacional (ele não revela os valores) para realizar o filme. Só posso começar se o Silvio autorizar. Eu sei que ele vai autorizar, porque me disse verbalmente que faria. Confio nele. Mas não posso começar a gravar com o dinheiro dos outros sem estar tudo no papel", explica. A meta do cineasta é conseguir o assinatura do ?patrão? até o final deste mês. A previsão, segundo Guga, é de o filme ficar pronto até 12 de dezembro de 2010, quando Silvio vai completar 80 anos. O orçamento, ele entrega: R$ 10 milhões.

"A história de Silvio é um exemplo de vida", diz o biógrafo Arlindo Silva, que, segundo Guga, recebeu há dois anos R$ 30 mil pelos direitos autorais da obra e terá participação de 7% na bilheteria. Para contar os 80 anos de vida de Silvio Santos, o diretor diz que pretende convidar Edson Celulari para o papel de Silvio Santos após os 30 anos; Ivete Sangalo para ser Marlene, a rainha do rádio; Bruno Mazzeo, que deve ser Chico Anysio, e Carlos Alberto da Nóbrega, interpretando seu pai, Manoel da Nóbrega. Além de Hebe Camargo, interpretando ela mesma. "Para escolher o Silvio criança, queremos fazer um grande concurso nacional", diz Guga.

Histórias mais picantes, como a iniciação sexual de Silvio, aos 14 anos, com uma prostituta no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, também será mostrada. "Silvio já falou sobre isso, durante seu programa, ao Sergio Mallandro. Não é segredo", lembra o diretor. O filme terá locações na França, Grécia e Estados Unidos. Jassa, o cabeleireiro, também será retratado nas telonas. "Ele é seu confidente pessoal", diz Guga. "Queremos convidar Toni Ramos para o papel." Brigas de audiência entre SBT, Globo e Record não serão mostradas. "Isso não é relevante na biografia", diz o diretor.

Fonte: Jornal da Tarde

Seis meses depois, causa do acidente do voo AF477 ainda é mistério

Os técnicos ainda não conseguiram descobrir o que derrubou o Airbus A330 da Air France no voo Rio-Paris em 31 de maio, matando todos os 228 ocupantes da aeronave no meio do oceano Atlântico, disse nesta quinta-feira a agência francesa de investigação de acidentes aéreos (BEA, na sigla em francês). Em seu mais recente relatório, a agência afirmou que os sensores de velocidade foram um dos fatores do acidente entre vários, mas não o único.

"A esta altura, apesar das extensivas análises realizadas pela BEA com base na informação disponível, ainda não é possível entender as causas e as circunstâncias do acidente", disse o relatório. A caixa-preta da aeronave não foi encontrada no fundo do mar, e apenas alguns pedaços da fuselagem foram recuperados. Mas uma série de mensagens enviadas automaticamente pouco antes da queda mostra que houve problemas com dados dos sensores de velocidade.

"A BEA confirma que o fenômeno da inconsistência de mensuração da velocidade do ar foi um dos elementos em uma cadeia de eventos que levou ao acidente, embora isso sozinho não possa explicá-lo", disse o relatório. A BEA lembrou que o fabricante Airbus recomendou a substituição dos sensores de velocidade conhecidos como tubos de Pitot nos aviões A330 e A340, e que várias empresas, inclusive a Air France, haviam seguido o conselho.

A agência fez outras duas recomendações: sobre a melhora na eficácia dos equipamentos destinados a localizar aviões e coletar dados em casos de acidente; e sobre uma melhor caracterização da composição das massas de nuvens em altitudes elevadas e sua relação com a certificação das aeronaves.

Fonte: Sophie Taylor e Estelle Shirbon/Reuters

Crime sexual já pode ser julgado sem queixa

Os crimes sexuais que resultarem em lesão corporal ou morte ou forem praticados por parentes ou pessoas que vivam sob o mesmo teto de quem sofre o abuso serão julgados sem a necessidade de queixa da vítima. A alteração, aprovada ontem pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, corrige distorção do Código Penal. O texto ainda precisa de aprovação da Câmara.

O texto atual já permite que o Ministério Público (MP) acione a Justiça ao saber que alguém com idade abaixo dos 18 anos seja vítima de crime sexual. Mas, para casos de estupro contra pessoas com mais de 18 anos, o código exigia que a vítima prestasse queixa. Com a alteração, o MP terá ampla legitimidade para acionar a Justiça e denunciar criminosos independentemente da vontade da própria vítima.

A proposta cria ainda uma outra possibilidade de ação penal incondicionada - quando o MP pode acionar a Justiça diretamente, independentemente da vontade da vítima. Em casos de estupro ou abuso sexual cometido por padrasto, madrasta, parente até o 3º grau ou pessoa com a qual a vítima conviva sob o mesmo teto, o MP poderá abrir processo judicial sem a necessidade de queixa.

O autor do projeto, senador Antonio Carlos Júnior (DEM-BA), justificou a alteração com dados da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Os números indicam que de 80% a 85% dos casos de abusos sexuais contra crianças são praticados por alguém que pertence ao núcleo familiar. Desse total, em 30% a 40% dos casos os autores são pais ou padrastos. Em muitos, as vítimas não têm condições de prestar queixa. Por isso, se o MP tiver notícia do crime, poderá abrir o processo sem expor a vítima.

Fonte: Estadão

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

"Sherlock Holmes", a reviravolta na carreira de Robert Downey Jr.

Depois dos certeiros "Homem de Ferro" e "Trovão tropical", Robert Downey Jr., de 44 anos, confirma a ressurreição da sua carreira ao viver o protagonista de "Sherlock Holmes", que a Warner lança em 25 de dezembro nos Estados Unidos e em janeiro no Brasil.

Como "Holmes" entrou no seu radar?

Robert Downey Jr.: Uns 15 minutos antes de "Sherlock Holmes" entrar na minha visão periférica, eu estava perguntando meio de brincadeira ao (produtor) Joel Silver -- a quem dou crédito por basicamente me reconvidar para o mundo dos grandes filmes de estúdio com "Gothika" -- "Cara, cadê a nossa franquia?" Isso foi logo depois de "Homem de Ferro". E logo ele falou: "Lembra daquela franquia que conversávamos. Acho que esta pode ser boa". E em seguida estávamos falando com Guy Ritchie.

Seu Holmes é uma versão muito mais física do que costumava ser. Fale das cenas de luta.

Downey Jr.: Desenvolvemos bastante (da coreografia) no começo, e algumas vezes parecia muito telegrafada, mas não com uma frequência que você dissesse: "Não parece estar direito"... Só fui atingido mesmo uma vez (no lábio), e precisei de menos de dez pontos. Na verdade, ainda acabamos o dia (de filmagem), e só aí fui para o hospital.

As pessoas vão reconhecer o seu Holmes?

Downey Jr.: Bom, fomos convidados para o baile anual do Baker Street Irregular em Nova York, então acho que não erramos muito o alvo.

Como foi trabalhar com Ritchie no seu primeiro filme de estúdio com orçamento realmente grande?

Downey Jr.: Ele tinha ideias realmente fantásticas sobre como dar a mexida certa para reapresentar esses personagens. (O set) era tão relaxado que às vezes beirava o caos. Foi ótimo para nós, norte-americanos, irmos à Inglaterra ver como eles trabalham, a que eles reagem e o que acham repugnante no jeito norte-americano de trabalhar!

Acho que vamos precisar de um exemplo...

Downey Jr.: Ok. Convocamos uma reunião de roteiro e a Susan (esposa de Downey e produtora de "Holmes") e eu entramos numa miríade de assuntos que precisávamos atacar para tornar o roteiro melhor, e olhamos para o Guy e seus camaradas e diretores de área, todos britânicos. Eles meio que nos olhavam como se não quisessem que ficássemos mal, mas estavam ligeiramente chateados com a forma incivilizada com que fomos direto ao trabalho. Tipo: "Susan, por que não pegamos um prato de queijos e um pouco daquele caviar médio-para-ruim? Talvez alguém queira um blini. É hora do chá, não é? Bem, vamos ver se eles querem chá". E assim que começamos a abrir nossas sessões com uma oferta de bebida ou comida -- assim que nos civilizamos --, as comportas da boa vontade se abriram.

Sua abordagem mudou com seu sucesso recente?

Downey Jr.: A diferença é pessoal, no sentido de que tenho agora um pouco mais de influência -- minhas ideias talvez tenham mais peso do que poderiam ter antes. Mas, com relação ao tipo de projeto, minha abordagem não mudou. Ir para o tudo ou nada e livre de todos os clichês se possível. E estabelecer e vingar os pontos do roteiro da forma mais honesta e inteligente possível.

Você se diverte mais do que se tudo isso fosse há 20 anos?

Downey Jr.: Absolutamente mais diversão agora, talvez porque tenha vivido mais erros do que poderia repetir. Sou de certa maneira um resolvedor profissional de problemas. Já tendo feito tantos filmes de modo aquém do ótimo, tendo a farejar com bastante precisão o resultado final de um processo falho, e tomara que isso ajude meus colaboradores a evitarem (o fracasso).

Fonte: Reuters

ONU cria fundo de remédios contra HIV

Um "pool de patentes" para a produção de medicamentos a baixo custo contra a Aids começará a funcionar em meados de 2010, informou nesta segunda-feira o Fundo das Nações Unidas para a Compra de Medicamentos (Unitaid). O chamado "Patent pool" permitirá produzir medicamentos antirretrovirais de última geração para os países em desenvolvimento, explicou à AFP o presidente da Unitaid, Philippe Douste Blazy, que qualificou o projeto de "um passo enorme para a humanidade".

A criação deste pool de patentes é resultado de negociações com laboratórios farmacêuticos como Gilead, Tibotec (Johnson & Johnson), Merck e Sequoia, destacou Douste Blazy. As companhias farmacêuticas se comprometeram, de modo voluntário, a abrir suas patentes no "Patent pool", que fará a ligação entre os laboratórios e os fabricantes de genéricos para produzir medicamentos a preços baixos e em quantidades combinadas", incluindo as drogas que integram a triterapia contra a Aids, explicou Dousty Blazy.

Este pool de patentes permitirá ainda produzir medicamentos em doses e embalagens especiais para as crianças, que respondem por 10% das necessidades atuais em matéria de tratamento contra a Aids. Os medicamentos produzidos pelo "pool" serão reservados, exclusivamente, aos países em desenvolvimento, destacou Douste Blazy.

O Fundo das Nações Unidas para a Compra de Medicamentos (Unitaid) é uma estrutura criada para distribuir os recursos gerados com o imposto sobre as passagens aéreas, aplicado a partir de 2006 para financiar programas de combate à Aids. O "Patent pool" deve reunir um total de 19 produtos, de nove empresas farmacêuticas.

Fonte: Veja.Com e AFP

Geneticista brasileira ganha Prêmio México de Ciência

A geneticista brasileira Mayana Zatz recebeu na noite de segunda-feira o Prêmio México de Ciência por suas pesquisas sobre distrofia muscular e outras doenças neurodegenerativas, entre 55 candidatos de 13 países da região da Iberoamérica e Caribe.

Mayana trabalha no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e é colunista de VEJA.com. O trabalho premiado se refletiu na criação de um plano preventivo no Brasil que permite às famílias estabelecer, por meio de estudos genéticos, a possibilidade de que alguns membros possam desenvolver enfermidades congênitas.

A cientista brasileira também trabalha na pesquisa sobre as utilidades práticas do uso de células-tronco e da estrutura do genoma humano. O prêmio foi entregue em uma cerimônia pública pelo presidente mexicano Felipe Calderón.

Fonte: Veja.Com e AFP

Livro de cartola revela bastidores do Mundial Interclubes

Em novembro de 2002, Fernando Carvalho era uma pilha de nervos, substituída por um alívio imediato e eterno. Quatro anos depois, em dezembro de 2006, ele conquistou como presidente do Inter o Mundial de Clubes, derrotando o Barcelona por 1 a 0. Essa trajetória é o recheio do livro "De Belém a Yokohama", escrito por Carvalho e Luis Agusto Fischer e lançado na noite de terça-feira, em Porto Alegre.

A publicação conta a identificação do dirigente com o clube e os bastidores de sua passagem na presidência. O título da publicação é uma referência ao jogo entre Paysandu e Inter, em Belém, quando Carvalho, em seu primeiro ano de mandato, suou frio com a possibilidade de ver o Colorado rebaixado. Após escapar da Segunda Divisão vieram as grandes conquistas em 2006, culminando no Mundial, em Yokohama.

Compareceram à sessão de autógrafos, realizada na livraria Saraiava do Shopping Praia de Belas, centenas de pessoas. Entre elas o técnico Tite, que comandou o time colorado entre 2008 e 2009. Carvalho se mostrou contente em poder relatar e fazer parte de momentos marcantes da história do clube.

"O livro que o leitor tem agora nas mãos carrega junto uma parte da vida dos colorados. Ao escrever essas lembranças e reflexões, o que me moveu foi a vontade de compartilhar uma fatia dessa história, que acompanhei de perto, que vivi intensamente, que trago no coração para sempre. Os colorados, que eu conheço de perto porque sou um deles, por certo vão gostar de conhecer detalhes, bastidores, algumas histórias nunca antes reveladas", comentou.

Fonte: Gazeta Press

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Oscar Niemeyer chega aos 102 anos cheio de projetos para o presente e o futuro

O arquiteto Oscar Niemeyer completará 102 anos de idade amanhã (hoje) em plena atividade e depois de ter superado vários problemas de saúde que o obrigaram a submeter-se a duas cirurgias nos últimos meses. Niemeyer, que ainda trabalha em seu estúdio no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, não alterará sua rotina por causa do aniversário, pelo qual já começou a receber felicitações de diferentes partes do mundo, conforme disse nesta segunda-feira, 14, seu neto Carlos Oscar Niemeyer.

"Amanhã (hoje) vai trabalhar normalmente. Seguramente a família irá almoçar com ele e alguns amigos, mas não temos prevista nenhuma comemoração especial", contou o neto de Niemeyer. À tarde, segundo ele, Niemeyer terá aula de filosofia com um professor particular, como costuma fazer todas as terças-feiras há cinco meses.

Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho nasceu no Rio de Janeiro no dia 15 de dezembro de 1907 e, como arquiteto, sempre se caracterizou por ser um inovador nas formas arquitetônicas, com uma obsessão por dotar dar curvas ao cimento, característica que o tornou um dos precursores da arquitetura moderna.

Documentário

"Quando me encomendam um edifício público, tento torná-lo lindo, diferente, que gere surpresa. Porque sei que os mais pobres não aproveitam nada, mas eles podem parar para vê-lo e ter um momento de prazer, de surpresa. É essa a forma como a arquitetura pode ser útil", explica o próprio arquiteto em "Oscar Niemeyer: A Vida É Um Sopro", um documentário de 90 minutos lançado há dois anos e que resume sua vida e sua obra.

No mesmo documentário, Niemeyer admite que as curvas de seus edifícios tiveram como inspiração as montanhas do Rio de Janeiro e as formas do corpo feminino. Seu amor pelas mulheres o levou a casar-se em novembro de 2006, aos 98 anos, enquanto se recuperava de cirurgia e escondido de sua família, com Vera Lucia Cabreira, 40 anos mais nova que ele e que foi sua secretária durante décadas.

O arquiteto se casou pela primeira vez aos 21 anos com Annita Baldo, com quem teve uma filha chamada Ana Maria e viveu 76 anos junto, até sua morte, em 2004. Foi com a mulher como inspiração que Niemeyer se tornou um dos arquitetos mais conhecidos do mundo, com obras construídas nos cinco continentes e com uma cidade como galeria viva para sua arte: Brasília, declarada Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Brasília

A capital brasileira, inaugurada em 1960 no meio do nada e sob os planos de seu amigo Lúcio Costa, abriga várias das principais obras deste gênio: o Palácio do Planalto, o Congresso, a sede do Supremo Tribunal Federal, a Catedral e o Museu Nacional, entre outros. Mas suas obras se espalham por todo Brasil e entre elas destacam-se o conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte; o Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, mais conhecido como "Oca", além do Auditório Ibirapuera, ambos no parque em São Paulo; e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ).

No âmbito político, Niemeyer se caracterizou por ser um fervoroso comunista, razão pela qual teve que exilar-se em Paris durante a ditadura no Brasil. Em 1966, desenhou sem cobrar nada a sede do Partido Comunista Francês, em Paris, e também deixou sua marca no Centro Cultural Le Havre (França) e em um zoológico em Argel (Argélia), entre outros.

Entre as últimas obras que saíram da prancha do arquiteto está o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer, que será inaugurado em maio de 2010 em Avilês (Espanha). Atualmente, trabalha no projeto de uma torre de 60 metros que será construída em Niterói, além da sede de uma biblioteca árabe-sul-americana, em Argel, trabalhos que teve que interromper durante várias semanas por causa das cirurgias às quais se submeteu em setembro e outubro.

Fonte: EFE