sábado, 30 de janeiro de 2010

Imprensa vive perseguida na Venezuela, dizem jornalistas

A situação da liberdade de imprensa na Venezuela foi qualificada neste sábado como uma "área de desastre" por três grupos de jornalistas do país, que denunciaram também uma perseguição do governo Hugo Chávez a dois profissionais do setor. O Colégio Nacional de Jornalistas, o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa e o Círculo de Repórteres Gráficos divulgaram hoje um comunicado em que dizem que não é "tempo para ser covarde", e sim para se exercer a cidadania com "integridade e dignidade".

Na nota, as agremiações expressam "total solidariedade e apoio" a Miguel Ángel Rodríguez e Laureano Márquez, acusados pelo governo de incitar a violência através da rede de TV e do jornal em que, respectivamente, trabalham. Embora no comunicado os jornalistas façam um apelo para que o governo "reflita e retifique suas ações", também acusam o regime chavista de tentar sufocar posturas críticas, bloquear fontes de informação e perseguir judicialmente profissionais do setor.

"Preocupados com o estado de direito e o cumprimento da lei, condenamos energicamente a repressão contra estudantes, universidades autônomas, empresários, jornalistas e a imprensa, o cerco sistemático existente na Venezuela a tudo o que não veste vermelho, através da institucionalização da violência seletiva fomentada desde o poder", conclui a nota.

Punição

Chávez anunciou hoje que pedirá ao Ministério Público (MP) uma punição ao diário opositor "Tal Cual", de Caracas, por um texto de humor estampado na capa da edição de sexta-feira. Com o título "Governo denuncia que diário privado 'Tal Cual' incita a violência", a estatal agência de notícias ABN publica que o Ministério da Comunicação e Informação emitiu um comunicado ressaltando que o diário do dirigente opositor Teodoro Petkoff "desrespeita a democracia venezuelana".

"Além disso, faz uma chamada flagrante ao desconhecimento da ordem constitucional e incita a violência como via de luta política para conseguir o que (os opositores) sabem que não poderão conseguir jamais através da via eleitoral", diz a nota do Ministério. Usando fotografias de incidentes de rua, do cubano Fidel Castro, do nicaraguense Daniel Ortega e outras, e com o título de "Venezuela sem Esteban" (em alusão a Chávez) e evidenciando uma "clássica cartilha fascista", segundo o Ministério, o editor Laureano Márquez imaginou um país pós-Chávez.

"Na primeira página é mostrada uma imagem que faz alusão a como seriam os primeiros dias posteriores ao golpe de Estado. Se justifica o uso da violência social, da guerra civil, como forma de chegar ao poder", segundo a interpretação do governo contida no comunicado. Em 2007, Márquez publicou também na capa do "Tal Cual" uma carta humorística a uma filha de Chávez. O jornalista foi multado em US$ 50 mil, quantia arrecadada em uma coleta pública.

Fonte: EFE e Folha Online