O jornal norte-americano "New York Times", um dos mais populares do planeta, confirmou nesta quarta-feira (20) que voltará a cobrar pelo acesso ao conteúdo produzido em seu site (www.nytimes.com). Em 2007, o "NYT" eliminou um serviço fechado para assinantes chamado "Times Select", que gerava cerca de US$ 10 milhões em receita por ano.
"A partir de 2011, visitantes do site terão direito a um número definido de artigos que poderão ser acessados de graça. Depois, será cobrada uma taxa única para o acesso ilimitado", informou a companhia. Assinantes do jornal impresso terão acesso irrestrito ao site.
De acordo com a agência Reuters, o anúncio do "NYT" pode ter relação com o lançamento, no dia 27 deste mês, do tablet da Apple. A empresa de Steve Jobs estaria prestes a fechar uma parceria de conteúdo com a companhia de notícias dos EUA para seu computador portátil.
A discussão sobre disponibilizar ou não o conteúdo on-line gratuitamente, feita por grandes grupos de mídia, ganhou força em 2009, sobretudo nos EUA e na Europa. Além de enfrentarem a queda de leitores devido à internet, esses grupos têm tido queda na receita com publicidade, fruto da crise que chegou antes e com mais força nessas economias.
Em seu site, o "NYT" definiu a medida como 'um passo que vem sendo debatido por toda a indústria e que praticamente todos os grandes jornais têm receio de dar'. Na realidade, o anúncio do "NYT" vai a reboque do que tem pregado o bilionário de origem australiana Rupert Murdoch, dono da News Corp. No ano passado, ele anunciou que ia cobrar pelo conteúdo on-line dos sites de notícias do grupo, que incluem jornais como os britânicos "The Times" e "The Sun" e o americano "New York Post".
O modelo propagado por Murdoch como "ideal" para notícias on-line é o do "Wall Street Journal", que também pertence ao grupo e que combina matérias pagas com conteúdo gratuito. "Jornalismo de qualidade não é barato, e uma indústria que dá de graça seu conteúdo está simplesmente canibalizando a sua capacidade de produzir boa reportagem", afirmou Murdoch, em julho de 2009. Embora esteja enveredando pelo mesmo caminho, em seu anúncio desta quarta-feira o "NYT" chega a citar o modelo de Murdoch, negando que vá segui-lo à risca.
Fonte: Folha Online