Os dedos passeiam pelas prateleiras, de livro em livro. Os olhos esquadrinham o ambiente ao redor à espera do instante para a consumação do delito. Apesar do arsenal de câmeras e alarmes, o furto de livros é corriqueiro nas livrarias do país. A Associação Nacional de Livrarias (ANL) estima que os furtos representem um prejuízo de até 4% para o setor, em um mercado que movimentou R$ 1,9 bilhão de reais só em 2009. "A coisa é tão séria que as livrarias hoje usam sistemas sofisticados de vigilância", avalia Vitor Tavares da Silva Filho, presidente da ANL.
A partir de dados oficiais da Fnac e da livraria Loyola, além de enquete com outras seis livrarias do eixo Rio-São Paulo, a Folha chegou a uma estimativa dos principais alvos dos ladrões de livros. No último semestre, o livro mais roubado no país foi o best-seller juvenil "Lua Nova", de Stephenie Meyer. Outros títulos, no entanto, confundem o traçado do perfil do criminoso literário.
"A História da Feiura", de Eco, e "Além do Bem e do Mal", de Nietzsche, títulos preferenciais, apontam uma direção intelectual. Já o surgimento de "Leis Penais Comentadas" na enquete não deixa dúvidas: há quem procure conhecer a legislação penal brasileira praticando, de cara, um crime. A ausência de um perfil definido torna difícil apontar suspeitos. Na livraria, todos são clientes, até que soe o alarme.
Fonte: Fernanda Mena/Folha de S.Paulo