Parece filme, mas são imagens inéditas da Segunda Guerra Mundial, digitalizadas pelo "Canal História" para a série documental "IIGM: os arquivos perdidos", uma série épica apresentada hoje por um daqueles soldados que saiu dos Estados Unidos pensando que matar nazistas "era um jogo". O soldado de infantaria Roscoe "Rockie" Blunt tem agora 92 anos, usa dois aparelhos auditivos e uma bengala e possui um humor à prova de bombas. Mas quando em 1944 foi enviado para lutar na Europa, era um jovem inconsciente com ordens de "odiar" e "matar", preocupado só em "exterminar" nazistas e guardar 'souvenires' arrancados dos corpos.
Essa é uma das "confissões" que Blunt faz na série, que o "Canal História" estreará na Espanha em 3 de março e que hoje jornalistas da Europa e Ásia puderam contemplar junto a ele em Varsóvia, "um dos palcos mais sangrentos, atrozes e chocantes da guerra". Blunt conta nela que, quando chegou à Europa, à Bélgica, matar parecia algo banal e que tirou objetos dos corpos dos alemães sem qualquer pudor. Contudo, enquanto avança pela Europa para chegar ao coração do Terceiro Reich, descobre o inimigo que o acompanhou desde então: sua consciência, cada vez mais angustiada perante aquele horror.
"Não há um só dia em minha vida que não volte a 1944-1945: cada noite penso no horror que vivi e que protagonizei, matando e vendo morrer. Essas imagens aterrorizantes vão me acompanhar para sempre", disse Blunt na apresentação, que em seu retorno aos EUA se tornou jornalista investigativo e um célebre músico de jazz.
"A mensagem que eu gostaria de transmitir com minha participação nesta indispensável série é que nunca podemos permitir que se repita algo tão terrível, que causou tanto dano a todos, mesmo aqueles que não tivemos outra escolha", acrescentou emocionado. Mas os "verdadeiros protagonistas" da produção - estreada em novembro nos EUA com mais de 24 milhões de espectadores a cada dia, o dobro do habitual - são as quase 3 mil horas de imagens "perdidas" que permaneciam em arquivos de 35 países e que foram recuperadas e digitalizadas durante dois anos.
Nelas aparecem cenas de guerra, da vida cotidiana dos "rapazes" mobilizados e da dos civis que sofreram na guerra, com relatos em primeira pessoa ou através de cartas, documentos e crônicas, de 12 veteranos americanos, entre eles soldados, médicos e correspondentes, dos que só "restam" vivos seis.
Fonte: EFE