Encerrado o ciclo até Pequim-2008, com duas medalhas olímpicas, uma dúvida apareceu no mundo do voleibol brasileiro: conseguiriam José Roberto Guimarães e Bernardinho manter as seleções masculina e feminina entre as melhores do mundo, depois da saída de atletas como Fofão, Walewska, Gustavo e Anderson?
Meses depois, a resposta é um sonoro sim. Campeã olímpica, a equipe verde-amarela feminina encerrou a temporada com a impressionante marca de 96% de aproveitamento. Em 45 jogos, foram apenas duas derrotas, além de seis títulos: Montreux Volley Masters, Copa Pan-Americana, Grand Prix, torneio classificatório para o Mundial, Sul-Americano e Final Four.
A única taça que a equipe não levou para casa foi a da Copa dos Campeões, coincidentemente uma disputa na qual as levantadoras Dani Lins e Ana Tiemi, herdeiras do legado de Fofão e Fernanda Venturini, tiveram atuações oscilantes. "Foi uma temporada de ouro, muito boa", resumiu o técnico Zé Roberto, que também destacou o crescimento da Itália, em sua visão o "melhor time do mundo" no momento.
Entre os homens, Bernardinho promoveu alterações ainda mais radicais: antes nomes certos em convocações, André Heller, André Nascimento e Marcelinho não foram chamados neste ano, dando espaço para novos talentos ou para jogadores que até então não haviam tido grandes oportunidades no time principal, caso de Leandro Vissotto, Thiago Alves, Lucão e Éder.
E os atletas corresponderam à pressão de vestir a camisa amarela, com destaque para a conquista da Liga Mundial. No primeiro torneio do "novo Brasil", a taça foi obtida em um emocionante 3 a 2 contra a Sérvia na casa do adversário, com direito a arbitragem polêmica. Desta forma, a equipe igualou-se à Itália como maior vencedor da história da disputa, com oito títulos.
O ano foi encerrado com chave de ouro, graças à conquista da Copa dos Campeões, no Japão. Uma conquista que ajudou os jogadores da campeã brasileira e sul-americana Cimed/Florianápolis a esquecerem do fiasco no Mundial de Clubes, no qual não passaram da primeira fase.
O destaque da disputa, entretanto, esteve mais nos bastidores. De volta após 17 anos fora do calendário, o torneio foi marcado pelo teste de uma nova regra, a "Golden Formula", no qual o primeiro ataque de cada jogada deveria ser feito de antes da linha dos três metros. A medida, que tinha por objetivo aumentar o número de ralis, sobrecarregou ponteiros e opostos, além de praticamente deixar centrais sem função. Por conta disso, não agradou a quase ninguém e deve ser esquecida em 2010. "É uma regra horrorosa em todos os sentidos", avaliou Bernardinho.
Equipe de Vissotto, o Trentino, da Itália, ficou com o primeiro lugar no pódio do Mundial, cuja versão feminina ainda aguarda confirmação para 2010. Se for mesmo realizada a disputa, o representante sul-americano será o Sollys/Osasco que bateu o Unilever (ex-Rexona/Ades) na decisão da disputa continental. Este título, aliás, foi a volta por cima de uma equipe que encerrou o primeiro semestre seriamente ameaçada de extinção. Em abril, um dia após perder o título da Superliga pelo quarto ano seguido, o Finasa, principal patrocinador da equipe paulista, anunciou a desistência do apoio, criando uma enorme crise na modalidade.
Além do Finasa, Unisul e Santander também retiraram seus investimentos, mas a situação aparentemente caótica pouco a pouco se dissipou com a chegada de novos patrocinadores, caso do Sesi, da Sollys e da Sky, que promoveram um intenso movimento de repatriamento, trazendo de volta ao país nomes como Giba, Rodrigão, Gustavo, Murilo e Jaqueline.
Pelo lado inverso, o Brasil perdeu apenas Paula Pequeno, que após anos de resistência se viu obrigada a aceitar a excelente proposta do Zarechie Odintsovo, da Rússia. A saída da MVP das Olimpíadas de Pequim poderia ser compensada pela contratação da tricampeã olímpica Regla Bell pelo Blausiegel/São Caetano, mas a cubana ainda não mostrou a que vem, tendo atuações discretas.
Em 2010, a temporada do vôlei terá como destaque a disputa dos Mundiais. Entre os homens, o Brasil tentará o terceiro título consecutivo na Itália, a partir de setembro. Já a meninas terão como meta conquistar a única taça que ainda lhes falta - a equipe foi vice em 1994 e 2006 - entre outubro e novembro, no Japão.
Vôlei de Praia - O vôlei de praia em 2009 foi marcado pela superação da dupla Juliana e Larissa, que conquistou o quarto título do Circuito Mundial pouco mais de um ano após o drama vivido pela cearense. Em 2008, Juliana precisou abdicar das Olimpíadas de Pequim devido a uma grave lesão no joelho.
Entre os homens, o título do Circuito foi para a dupla alemã Brink/Reckermann, que também conquistou o título mundial, em junho. As brasileiras chegaram a sonhar com a taça da versão feminina da disputa, mas o ouro foi para as norte-americanas Ross/Kessy. Nos bastidores, o que mais chamou a atenção foi a separação da dupla Ricardo e Emanuel, que decidiram encerrar uma união de sete anos que chegou ao auge com o título olímpico em Atenas-2004.
Fonte: Gazeta Press