Os torcedores mal sabem, mas o jornalismo esportivo ganhou um baita reforço em janeiro do ano passado. Com os jogadores de férias, o são-paulino Luiz Armando, 12, nem sequer podia ir ao Morumbi, estádio que fica a poucos passos de seu prédio. Aceitou a sugestão da irmã e criou o blog Armando a Jogada. Assim como ele, outros jovens encontraram na web uma forma de espalhar o que pensam sobre moda, culinária, política, cultura, esportes e a própria rotina -em textos que ultrapassam os 140 caracteres, padrão do microblog Twitter.
Luiz, por exemplo, já tem até padrinho na área, o jornalista José Trajano. "Desde que comecei, foram poucas reclamações de parcialidade", recorda. "Trajano fala que tenho talento. Quer até me colocar na ESPN, num programa com linguagem mais jovem", revela. Outro blog já virou revista. Há três anos, a americana Kristin Prim, 16, expõe seu estilo na internet. Hoje, edita a revista "Prim" e atualiza seu blog.
Para ela, autoconfiança é uma palavra para todas as estações. "Meu estilo está definitivamente maduro. A revista serve como uma bíblia dele", avalia a fã dos estilistas Rick Owens e Helmut Lang. Já Pedro Lima, 17, e seus comparsas do Underaged Heartbreakers descartam o jornalismo nos blogs. "Queremos escrever por hobby, não por obrigação", garante.
Há pouco mais de um ano, a turma juntou piadas internas, layout moderninho e compilações de looks.
O endereço virtual ganhou destaque quando o fotógrafo e hipster Mark Hunter entrou na vida dos garotos: o americano do CobraSnake.com deu uma entrevista exclusiva sobre a participação numa festa em São Paulo. Com o blá-blá-blá, surgiu uma permuta com uma marca de roupas. "Só gostamos de escrever. Quando tem desfile é bom, porque ganhamos pulseiras. A correria de Fashion Week é ótima", afirma Pedro.
Blog e chocolate
Longe das semanas de moda, Malú Azoni, 13, e Ludmila Bello, 16, blogam sobre o cotidiano. "Meu jeito de escrever não mudou, mas o blog amadureceu. Agora, falo de assuntos mais gerais, não só de coisas pessoais", diz Ludmila, que mora em São Luís (MA). Ela é dona do Unimaginative Kid.
Direto de Campinas (SP), Malú abastece o Pizza e Chocolate, batizado com sua combinação gastronômica preferida. No site, ela não deixa claro o que sai direto de sua vida e o que é ficção."São poucos que gostam de ler blogs. E muito menos de escrever", diz a chocólatra. Segundo Lud, os blogs saíram de moda entre os jovens. "É visto como coisa de nerd", lamenta.
Para a americana Julie Zeilinger, 16, blog é coisa séria. A história do The F Bomb começou quando ela estava na oitava série e tinha de fazer um discurso na frente do colégio. Ao ler um artigo sobre pais que matam bebês do sexo feminino, criou sua bomba virtual: uma resposta à "falta de uma visão adolescente sobre o feminismo". "Fiquei perturbada por que isso acontecia e não sabiam", conta Julie.
Nick Normile, 17, não tem a mesma intimidade com palanques, mas manda muito bem na cozinha. Desde 2007, seus insights culinários vão parar no Foodie at Fifteen. Em busca do sonho do restaurante próprio, Nick cozinha para os amigos. "Tem também aquela que, talvez, seja minha atividade favorita: comer!", diz.
Fonte: Braulio Lorentz/Colaboração para a Folha