Nada mais desagradável que a pretensão para tentar encobrir a pura e simples incompetência. Não precisa ir muito longe para identificar os tipos que acreditam ser algo além que um palmo diante de seus próprios narizes. E o pior é que a gente encontra esse tipo de gente toda hora e em todos os lugares. Já notou como, geralmente, o comodismo vem de mãos dadas com a pretensão? Quantas e quantas vezes já não vimos gente madura, idosa mesmo, cantando aos quatro ventos, e em voz alta, que tem tantos e tantos anos de profissão para justificar algum vacilo?
Dia desses testemunhei uma discussão entre dois motoristas. O taxista além de mudar de faixa sem sinalizar, ainda bloqueou o trânsito, parando bem no cruzamento, para um passageiro entrar no táxi. Uma senhora que vinha logo trás, com os filhos ainda fardados do colégio, gritou que estava atrasada e o cara se enfureceu. Lá pelo meio da baixaria ele soltou a pérola: "Minha querida, sabe há quantos anos eu tô na praça? Trinta anos". Pensei então: e daí? Desde quando tempo de profissão significa competência e dá imunidade pro cara fazer a idiotice que quiser?
Somando a tantas outras idiotices que já ouvi, tipo "Faço isso há 20 anos" e "Tenho 40 anos de profissão", chego à conlusão que, no Brasil, a senha para encobrir a mediocridade se chama "Tempo de Profissão". Com todo o respeito aos profissionais de verdade, mas quem usa os cabelos brancos como imunidade para suas barbeiragens é, no mínimo, um amador.
E VIVA A VERDADEIRA COMPETÊNCIA!!!
Abraços a todos
Sérgio Augusto
Editor da Academia da Palavra