sexta-feira, 29 de julho de 2011

"Zezinho" e a capacidade de rir de si mesmo


Jô Soares pode ser considerado tudo (egocêntrico, exibido, chato) pelos críticos de plantão, entretanto uma coisa não se pode ignorar: o artista é um dos poucos humoristas que nasceu com uma virtude rara entre os seres humanos: a capacidade de rir de si mesmos, a mesma usada por gênios como Charlie Chaplin, Buster Keaton, Cantinflas, Federico Fellini, Orson Welles e Woody Allen, só pra citar alguns dos grandes dos últimos 100 anos, para dizerem o óbvio, quase sempre ululante: o homem é geneticamente alegre, até que se prove o contrário e o riso liberta. Essa é sensação que tenho cada vez que assisto as reprises, promovidas pelo Canal Viva, das peripécias do camarada na TV Globo nos anos de 1980, e, em especial, aquele que considero o melhor dentre seus mais de 200 personagens: o "Zezinho".

Sabe aquele cara bonachão, paulistão, com um bonezinho na cabeça, a latinha de cerveja na mão esquerda e o controle remoto na direita e que vivia ameaçando o "gôido" Jô com um "crique" (clique no controle remoto para desligar a TV) cada vez que o humorista se despedia ao final de cada programa? Aí o Jô (invariavelmente vestido com ternos dourados ou prateados) parava tudo e começava a discutir com aquele telespectador ranzinza e abusado, que vivia cobrando, esperneando e reclamando por um "stripitrise" que nunca acontecia.

Lembrou, né? Ali estava, ao mesmo tempo, uma homenagem à criança que na verdade o Jô nunca deixou de ser, uma resposta a todas as críticas que certamente ele ouvia por causa do programa "Viva o gordo" e, pra completar, uma autocrítica rasgada ao seu talento indiscutível, seja como ator, humorista, escritor, artista plástico, músico e tantas outras atividades a que o "gôido" até hoje se dedica.

Homenagem porque o próprio nome do personagem, "Zezinho", era como o pai o chamava na infância, já que o nome de batismo do Jô é José Eugênio Soares. Daí já começa a piada do cara consigo mesmo e com os próprios telespectadores. Quando tinha o humorístico na TV, Jô criou tipos impagáveis, como o "Décio" (aquele que agarrava a mulherada nos salões da alta sociedade e, quando o marido questionava, ele começava a contar as loucuras que já havia feito com a respeitável senhora ao som do "não se deprecie mulherrrrrrr"), o governador "Meu nome é trabalho" (sátira em cima do então governador carioca Moreira Franco) e o contra-regra piloto (aquele do "ihhhhh, falha nossa"). Mas o "Zezinho" era a despedida do programa e, quando ele aparecia, era a senha para a criançada desligar a TV e ir dormir.

Se ainda hoje, com um talk-show que copia descaradamente os similares norte-americanos, como o do David Letterman, Jô é alvo de críticas pesadas, imagine o que os "intelectuais" de época não falavam dele. Interessante é que o cara tinha mais quilometragem em leituras, filmes, musicais e debates artísticos do que metade de seus críticos juntos, mas nem por isso deixava de pagar o maior mico com um humor feito para agradar o brasileiro de qualquer idade e nível de escolaridade. Talvez essa capacidade de se comunicar com tantos ao mesmo tempo provocasse a ira dos "sabe-tudo", que parecem brotar como cogumelos após a chuva só pra testar a paciência dos caras verdadeiramente talentosos.

Cada vez que o "Zezinho" mandava um "Ô gôido, mas tu é muito sem graça rapá" e o Jô respondia: "Você é grosso mesmo" e o "Zezinho" treplicava: "E tu acha que tu é fino, sendo gôido desse jeito?", era como se o humorista mandasse recados cifrados aos fãs, aos não fãs e a si mesmo, exercitando, a um só tempo, a capacidade de diálogo fácil com todos os públicos. E mais: cada troca de farpas com o "Zezinho" era uma catarse, talvez um canal para acertar as contas com alguma aresta lá do subconsciente. Taí a manha do grande artista: rir de si mesmo pra remover rugas internas e, ao mesmo tempo, divertir o resto do mundo.

Mas o melhor mesmo era quando o Jô dizia: "Já sei, já sei. Quando você Zezinho reclama tanto e diz que o programa não presta é porque tá querendo o streap tease". Aí o personagem começava a saltar na poltrona, a modelo começava a tirar as luvas e, quando a coisa começava a esquentar, o Jô parava tudo por algum motivo fútil e deixava o seu alter ego no desespero, já às portas de um ataque, porque o "striptrise" mais uma vez não aconteceu.

Charlie Chaplin, por cerca de quatro décadas, entre os curtas-metragens do começo do século XX e o longa "O grande ditador", de 1939, usou e abusou da veia cômica, do exorcizar os traumas da infância e da capacidade de fazer rir e chorar a bordo do "Carlitos". Woody Allen é mais caústico e contemporâneo, sendo que nos últimos 40 anos repetiu o personagem cheio de neuras, ansioso, histérico, incompreendido, que se enche de calmantes e estimulantes em grandes filmes como "Manhattan", "Noivo neurótico, noiva nervosa" e "Zelig".

O "Carlitos", o "Zezinho" e o "Zelig" são parte de um mesmo personagem, usado pelos três humoristas para expressar as inquietudes e percepções de seus criadores em momentos distintos do século XX. Uma coisa é certa: os caras criaram, deram vida e divertiram milhões de pessoas pelo mundo com uma peculiaridade única, chamada fina ironia. E o "Zezinho", melhor que tudo, com um tempero bem brasileiro.

Câmbio, desligo!

Sérgio Augusto

Editor da Academia da Palavra

domingo, 24 de julho de 2011

A maldição dos 27 (?)

Amy Winehouse se foi e, desde que foi divulgada a notícia da morte da cantora inglesa, no último sábado (23/07/2011) os sites, blogs, jornais, revistas, emissoras de rádio e TV se apressaram em colocar "no ar" especiais, entrevistas, homenagens e demais parafernálias já previsíveis para esse tipo de ocasião. E pra variar, de uma hora pra outra, (quase) todo mundo se tornou fã incondicional e passou a "reverenciar" a grande artista que, sem dúvidas, ela foi. Grande no sentido de ser diferenciada em relação a outros "ídolos" que a cada dia a mídia cria e mata, sem se preocupar em jogar os vestígios para baixo do tapete.

Winehouse também foi um produto fabricado. Basta comparar o som que ela fazia no primeiro disco, "Frank", com o que se ouviu no segundo trabalho em estúdio, "Back to black". Dos vocais, aos ritmos, passando pelas fotos que aparecem nas capas e todo o conceito dos arranjos dá pra perceber que algum "engenheiro" passou pela vida dela, percebeu que ela tinha um pé no jazz retrô de 40, 50 anos atrás, e o outro na capacidade autodestrutiva.

Confesso que quando ouvi Amy pela primeira vez identifiquei nela laivos de Billie Holyday, em "At Last", e de Anita O´Day, em "Sweet Georgia Brown". Guardadas as devidas proporções, Amy poderia ter se tornado uma diva caso sobrevivesse aos primeiros anos da pressão dos fãs, tablóides, gravadoras e outros personagens que ajudam a destruir o artista e construir o mito em quem investem seus sonhos, frustrações e desejos. É aquela famosa curiosidade mórbida de ter prazer em ver o artista no fio da navalha, na beira do abismo, a caminho do que Robert Plant tão poeticamente canta como as "Starway to heaven".

Produto fabricado ela foi, mas ao menos foi fiel ao "Viva intensamente e morra jovem", tantas vezes cantado e levado às últimas consequências pelos astros do rock. Sendo filho do diabo, como também dizem ser o blues, o rock é uma estrada de excessos que cobra um pedágio caro, na maioria das vezes a vida de seus filhos. Foi fiel por amar a música e os palcos e se recusar a fazer o jogo dos tablóides, dos holofotes, das falsas aparências. Desse confronto entre o aqui e agora e o amanhã incerto, sobrou o ser humano sensível, frágil, viciado em álcool e drogas e incapaz de suportar as agruras e falsidades do mundo globalizado.

Amy foi original, mesmo com aquele personagem que tentaram impor sobre a grande cantora. Aquelas perucas, aquela maquiagem pesada, aqueles vestidos, pareciam ser obra de algum marqueteiro que farejou, antes de todo mundo, uma mina de ouro naquela voz firme e rasgada, nascida junto com todas as grandes do blues e do jazz. Por um tempo o cara faturou, só não esperava que a "festa" acabaria tão cedo. Tirando o personagem tosco que nela tentaram impor o que sobra? Um diamante ainda em processo de lapidação, mas já com brilho único e visceral.

Me refiro à máscara quando lembro de nomes como Lady Gaga, Beyoncé, Rihanna, Britney Spears e, no Brasil, Restart e Maria Gadú. Tirando a pirotecnia, os (d) efeitos especiais, os bilhões gastos em marketing e os golpes publicitários para se promoverem a qualquer custo na mídia, o que sobra para esses "artistas" estrangeiros? Resposta: a ilusão, o vazio e o nada.

Quanto aos nacionais, experimente botar os 4 "restarts" num palco sem aquelas roupas coloridas, aqueles óculos sem lentes e sem aquelas caretas que costumam fazer para fotos e me digam o que acontece. Alguém aí consegue lembrar de um único "sucesso" e cantarolar uma frase dos caras? Deixa pra lá, perda de tempo e raciocínio. E a Gadú? Coloquem ela sem aquele visual "muderno" num palco pra ver o que acontece. Só mesmo o Caetano, batendo nos 70, pra cantar a tal da "Shimbalaêi" (É assim que se escreve?) e dizer que é "linda".

Mas dei toda essa volta porque, quando tive a idéia de escrever essse post, milhares de "críticos musicais" pularam na frente a citaram a tal da "maldição dos 27" que é, segundo os "especialistas", a idade fatal para os verdadeiros e grandes artistas. Até agora já citaram Jim Morrison, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Kurt Cobain e agora Amy Winehouse.

Pois aproveito pra acrescentar Brian Jones (gênio da guitarra e fundador dos Rolling Stones) e Jean-Michel Basquiat que, apesar do nome francês, era norte-americano e um dos grandes artistas plásticos dos últimos 50 anos. Basquiat não era músico, mas as telas que pintou "cantam" e, só de olhar, dá pra "ouvir" os riffs que cada um dos quadros transmite. Pois bem, a tríade sexo, drogas e rock´n´roll levou também esses dois aos 27 anos e o mito sobre os dois algarismos ganhou mais dois nomes de peso.

Se há alguma relação, ou "maldição", como queiram, entre as mortes dos ídolos e a idade em que se foram, isso já é mais um produto criado pelo fanatismo. Mas que bate aquela curiosidade em saber como a turma que passa dos 27 e chega aos 67, como é o caso de Mick Jagger (que já tem 68) e Keitih Richards, ou aos 87, como chegou Anita O`Day, ah, isso bate. Nesses três casos, a bola bateu na trave milhares de vezes e só não estufou as redes porque não quis. As da Amy, para o bem ou para o mal, já foram estufadas e bem mais cedo.

Câmbio, desligo.

Sérgio Augusto

Editor da Academia da Palavra

Foto: divulgação

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Exposição sobre Miles Davis, o "filósofo do jazz", chega ao Brasil em outubro

"Um ano depois que eu nasci, um furacão passou por St. Louis. Talvez ele tenha deixado um pouco de sua criatividade indomável em mim, um pouco da força de seu vento", escreveu Miles Dewey Davis III em sua autobiografia de1989.

O raciocínio supersticioso é o modo mais simples de descrever a força criativa de um trompetista que, durante 40 anos, passou diversas vezes como um Katrina pelo status quo do jazz, redefinindo conceitos de ritmo, harmonia, sonoridade e interação na música, além de deixar em seu rastro uma aura indecifrável, tão misteriosa quanto elegante.

Todas as fases do homem, do bebop ao fusion, formam a exposição Queremos Miles, concebida pelo instituto musical Cité de la Musique, em Paris, com data de estreia marcada para o início de agosto no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, e outubro em São Paulo. Dividida em oito partes, que seguem a trajetória do trompetista desde sua infância, no Missouri, ao estrelato, Queremos Miles busca apresentar o trompetista para os leigos e ilustrá-lo para os fãs.

"Desde os anos 50, Miles tem uma base de fãs muito grande na França", explica o curador da exposição Vincent Bessières, que teve ajuda da família do músico para montar a mostra. "Mas o Cité de la Musique é um lugar didático, aberto para todos, não somente os fãs. Então me esforcei para que a pessoa que não conhecesse sua obra pudesse, em uma ou duas horas de exposição, ser iniciada", completa.

Seis das oito partes da mostra são feitas por casulos construídos na forma de uma surdina de trompete, que contém arquivos e música de todas as fases de Miles - entre elas, a fase inicial, quando, aos 18 anos, ele chegou em Nova York e se apresentou a Charlie Parker como seu novo colaborador, tendo a oportunidade de desenvolver sua música, no palco, ao lado de Bird e Dizzie Gillespie; o início do cool jazz, sua luta contra o vício em heroína e seu quinteto com o fabuloso Red Garland, nos anos 50; o icônico disco Kind of Blue; suas colaborações orquestrais com o arranjador Gil Evans; seu quinteto com Wayne Shorter; o parto do fusion, na fase Bitches Brew e o desenvolvimento do gênero nos anos 80.

"A música de Miles mudou bastante durante sua vida. Sua obra é um pouco como a de Picasso: ele não toca no final como tocava no início. Portanto, a exposição é estruturada de um modo em que o visitante possa ter a experiência audiovisual de todos esses períodos no local", conta Bessières.

A exposição tem o foco tanto na música quanto na memorabilia de Miles. Estarão presentes sete de seus trompetes, diversos documentos de sessões em gravadoras, e instrumentos como o sax que John Coltrane tocou em Kind of Blue, o baixo em que Marcus Miller gravou Tutu, as baterias de Tony Williams e Al Foster. Um acervo de fotos com todos os belíssimos registros da gravação de Kind of Blue também faz parte da exposição. Para agradar os fãs assíduos, Bessières conseguiu partituras, diversos arranjos de Gil Evans, o flugelhorn em que Miles tocou Sketches of Spain.

A fase inicial traz pinturas de Jean Michel Basquiat, de quem Miles foi amigo nos anos 80. As obras retratam o fascínio do pintor americano pelo época em que a rua 52 de Manhattan fervia com os solos de Charlie Parker, Dizzie Gillespie e Thelonious Monk, entre outros. A mostra também traz quadros de Miles, que se aventurou pela pintura no período, entre os anos 70 e 80, em que ficou sem tocar e gravar, assim com algumas das próprias capas ilustradas pelo músico. Mas, de acordo com Bessières, a exposição também vasculha outras facetas do músico.

Um dos filmes que deve ser um deleite para os aficionados mostra Miles fazendo um treinamento de boxe. Embora não lutasse por causa de seus lábios (um corte na boca pode significar aposentadoria para um trompetista), ele treinava sozinho. Um de seus discos dos anos 70, A Tribute to Jack Johnson, é uma trilha sonora para o filme sobre o grande boxeador negro.

A moda de Miles estará presente com algumas de suas jaquetas mais memoráveis. O filme Ascensor para o Cadafalso, de Louis Malle, cuja trilha foi feita por Miles enquanto viveu em Paris será mostrado, e uma seção com as mulheres de Miles retrata as beldades negras que figuraram em suas capas.


Fonte: Roberto Nascimento/Estadão

Foto: Divulgação

terça-feira, 19 de julho de 2011

Ganso e Neymar chegaram a constar entre os 30 em lista para a Copa de 2010, admite Jorginho

Atualmente desempregado após pouco mais de dois meses no Goiás, o técnico Jorginho participou da abertura da Soccerex, neste sábado, na praia de Copacabana. Sem receio de falar de sua passagem pela Seleção Brasileira e a eliminação precoce na Copa do Mundo da África do Sul, o ex-jogador relembrou os momentos difíceis que passou ao lado de Dunga após a derrota para a Holanda, em Porto Elizabeth, nas quartas de final do torneio.

No bate-papo, o treinador, que na época era auxiliar da Seleção, admitiu que a comissão técnica poderia ter levado Paulo Henrique Ganso, do Santos, e Carlos Eduardo, hoje no Rubin Kazan, da Rússia, para o Mundial. Segundo ele, em nenhum momento foi cobrada pela CBF da comissão técnica uma renovação do time canarinho. Segundo Jorginho, a equipe foi montada para vencer a Copa do Mundo de 2010 e não para o Mundial de 2014.

Confira os principais trechos da entrevista com Jorginho:

GLOBOESPORTE.COM: Você se arrepende de alguma situação que tenha ocorrido na Seleção?

JORGINHO: Procuramos fazer tudo muito bem planejado. Se você não ganhar, começa a surgir um monte de problemas. Tudo o que fizemos foi pela Seleção. Ninguém sente a derrota mais do que a gente. Vai doer para o resto da vida. A coisa que atrapalhou e se agravou antes da Copa do Mundo foi a relação com a imprensa. Não foi nada planejado e foi acontecendo. Tiveram erros de ambas as partes e essa é uma situação que precisamos repensar daqui para frente.

Poderiam ter chamado outros jogadores?

J: Fizemos a convocação com muito critério. Não foi nada feito em cima da hora. Tínhamos uma convicação. As pessoas poderiam discordar de dois nomes. O Dunga teve a convicção de só chamar atletas que tinham passado pela nossa equipe. O Neymar até foi cogitado, mas achávamos que era muito cedo para ele. Já o Ganso e o Carlos Eduardo, não. Colocamos os dois na lista dos 30 nomes que foram entregues à Fifa, mas eles não foram à Copa.

Foi pedida uma renovação na Seleção que foi à Copa de 2010?

J: Muitas coisas foram faladas em cima do resultado, mas sabemos que as críticas são levadas pela emoção, pelo momento. Em nenhum momento nos foi pedido para montarmos uma Seleção para a copa do Mundo de 2014. Tínhamos um outro pensamento e a confiança de que tudo daria certo.

Ficou chateado com tais afirmações?

J: Quando a Copa acabou e o Brasil foi eliminado é que falaram que o grupo tinha idade alta. Eu estava preparado para jogar e ganhar o Mundial de 2010, não para 2014. O Lucas, por exemplo, teve oportunidade nas Olimpíadas. Hoje, ele é um jogador que está preparado para a Seleção. O Thiago Silva a mesma coisa. Foi pedido comprometimento e foi isso que nós buscamos o tempo todo. Eu tenho um grande respeito pelo presidente (Ricardo Teixeira). Ele manteve a comissão técnica mesmo com a medalha de bronze nas Olimpíadas e alguns tropeços nas eliminatórias. Naquele momento ele poderia ter mudado tudo, mas foi homem e manteve todo mundo no cargo. O que foi pedido nós cumprimos à risca.

Os jogadores questionados deram a resposta que esperavam dentro de campo?

J: Todos os jogadores que nós convocamos nos deram resposta em algum momento. O Júlio Baptista era questionado, mas fez uma excelente Copa América. Todos achavam que o nosso time levaria um chocolate da Argentina na final da competição, mas foi o Brasil que deu o chocolate. Todos os jogadores que estiveram bem durante o trabalho foram convocados para a Copa.

Você tem falado sempre que questionado sobre o que ocorreu na Copa da África do Sul, mas o Dunga ainda não. Por que?

J: O Dunga está passando um momento difícil com o pai dele e creio que está focado nisso. A pressão em cima dele é muito maior do que em cima dos outros. O Dunga decidiu não fazer nada até o fim do ano. Eu não. Sou treinador, já assumi um clube e uma hora eu tinha que falar sobre a Copa. Muita gente não entende o Dunga, mas ele é uma excelente pessoa. Ano que vem ele vai retomar a carreira dele.

O Kaká chegou inteiro ao Mundial da África do Sul?

J: Antes da Copa, por conta do problema no púbis, ele não podia nem se mexer. Decidimos que levaríamos o Kaká para a Copa mesmo assim. Durante a competição, ele foi crescendo e fez a sua melhor partida contra a Holanda. Se ele faz aquele gol, ninguém falaria da condição do Kaká. Esse problema que ele teve após a Copa foi uma outra coisa. Tudo já foi explicado.


Fonte: Márcio Iannacca/G1

Foto: Globoesporte.com

sábado, 16 de julho de 2011

Jango, o personagem subestimado pela "direita" e pela "esquerda"


Fraco, medíocre, demagogo. Fujão, covarde, traidor. Direita e esquerda carimbaram vários adjetivos na imagem de João Goulart, o presidente deposto pelo golpe militar de 1964. Esquecido, quase sem lugar nos livros de história, Jango tem em torno de si silêncio. Jorge Ferreira, 54, professor de história do Brasil na Universidade Federal Fluminense, busca desinterditar a memória desse personagem com "João Goulart, uma Biografia". Nesta entrevista, ele fala do livro e diz que populismo não é um conceito teórico, mas uma desqualificação política. "Populista é sempre o outro, aquele de quem você não gosta", afirma.


Folha - Por que o sr. resolveu fazer esse livro?

Jorge Ferreira - Estudei Getulio Vargas e o trabalhismo, daí a curiosidade sobre João Goulart. Foram dez anos de trabalho. Creio que chegou o momento de retirar Jango do limbo da memória do país. Ele foi um personagem importante, mas as análises sobre ele não se distanciam das paixões políticas. Ora é definido como demagogo e incompetente, ora como vítima de um grande conluio de empresários brasileiros com o governo norte-americano. Quis conhecer o personagem para compreendê-lo, e não julgá-lo.

O que encontrou de novo?

O livro é um relato biográfico, enfocando sua vida política e privada. Evitei enfoques sensacionalistas. Talvez a maior novidade seja lembrar à sociedade brasileira que um dia Jango foi líder político de expressão. Como diz o historiador inglês Eric Hobsbawm, o papel do historiador é lembrar à sociedade o que aconteceu no passado. Foi o que eu fiz.

Quais foram as influências sobre Goulart?

Goulart, assim como Brizola, era jovem quando Vargas instituiu a ditadura. Ele entrou para a política no período democrático. Em 1945 e 1946, a democracia liberal tinha grande prestígio. As esquerdas e o trabalhismo associaram os ideais democráticos com o nacionalismo, o desenvolvimentismo, as leis sociais e o estatismo. Nos anos 1950, o Estado interventor na economia e nas relações entre patrões e empregados era um sucesso na Europa. Os trabalhistas observavam a experiência inglesa com o programa de estatizações e também o sucesso da industrialização soviética, com o Estado interventor e planejador da economia. Também culpavam os Estados Unidos pela pobreza da América Latina.

Por que há pouco dados sobre o empresariado em relação a Goulart e aos militares?

O golpe de 1964 não foi dado por empresários que usaram os militares. O golpe foi dado por militares com apoio empresarial. A Fiesp, em inícios de 1963, apoiou Goulart na efetivação do Plano Trienal. Ele teve apoio de setores conservadores, desde que estabilizasse a economia, controlasse a inflação e se distanciasse das esquerdas, sobretudo dos comunistas e dos grupos que apoiavam Brizola na Frente de Mobilização Popular. Os grandes empresários, os políticos conservadores e a imprensa se afastaram de Goulart e passaram a denunciar o "perigo comunista" no segundo semestre de 1963, quando a economia entrou em descontrole e Jango se aproximou das esquerdas. Com o comício de 13 de março de 1964, os golpistas crescem e se unificam. A revolta dos marinheiros foi a fagulha que faltava, desencadeando gravíssima crise militar. A crise do governo Goulart tem uma história. É preciso reconstituí-la, com documentos e provas, superando repetidos jargões.

No livro o sr. discute a questão do populismo. Por que populismo continua sendo um termo pejorativo?

Sou crítico em relação ao conceito de populismo. Populistas podem ser considerados Vargas e Lacerda, Juscelino e Hugo Chávez, Goulart e Collor, FHC e Lula. Personagens tão diferentes, com projetos díspares, com partidos políticos distintos são rotulados sob o mesmo conceito. Qualquer personagem político pode ser chamado de populista, basta não gostar dele. Populista é sempre o outro, o adversário, aquele de quem você não gosta. Não se trata de um conceito teórico, mas de uma desqualificação política. Eu prefiro nomear os personagens assim como eram chamados na época: Jango era trabalhista, Lacerda, udenista, e Prestes, comunista.

Qual é o maior legado de João Goulart?

O governo Goulart foi o auge do projeto trabalhista, que começou com as políticas públicas dos anos 1930, em época de autoritarismo. Mas que se democratizou, se modernizou e se esquerdizou a partir da segunda metade dos anos 1950. Seus elementos fundamentais foram o nacionalismo, o estatismo, o desenvolvimentismo, a intervenção do Estado na economia e nas relações entre patrões e assalariados, a manutenção e a ampliação dos benefícios sociais aos trabalhadores, a reforma agrária e a liderança política partidária de grande expressão. Creio que muitas dessas tradições inventadas pelos trabalhistas ainda estão presentes entre as esquerdas brasileiras.

Fonte: Eleonora de Lucena/Folha de S.Paulo

Foto: Divulgação

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Gênios do futebol brazuca ganham homenagem à altura



Dizem que a bola nasceu quadrada na Inglaterra e virou redonda no Brasil. Isso para falar de um futebol que incorporou regras e esquemas europeus e, através de um espírito muito seu, transformou o jogo em alguma coisa que se pode chamar de arte sem qualquer impropriedade. O que seria do jogo da bola sem os grandes craques? Algo insípido e rotineiro. Em homenagem a eles, os jornalistas João Máximo e Marcos de Castro deram a esses seres excepcionais a narrativa que merecem. Gigantes do Futebol Brasileiro é composto por 21 perfis de atletas que marcaram época. Nesta segunda edição, vão de Arthur Friedenreich a Ronaldo. Incluindo, claro, o insuperável Garrincha e o maior de todos, Pelé.

A 1.ª edição de Gigantes saiu em 1965. Parava em Pelé, cuja carreira ainda estava em pleno desenvolvimento. Na época, o livro foi criticado por duas omissões graves: excluía o extraordinário Ademir e, em especial, Didi, rei do meio campo, inventor da jogada conhecida como "folha seca", e eleito melhor da Copa de 1958.

Nesta segunda edição, o livro paga suas dívidas e traz os inspirados perfis de Ademir e Didi. Este último, escrito com tanto zelo e admiração que se transforma num dos melhores, talvez o melhor capítulo de todo o livro. Além de saldar suas contas, a nova versão de Gigantes do Futebol Brasileiro traz capítulos sobre jogadores mais contemporâneos, além do já citado Ronaldo, que encerrou carreira há poucos meses: Gérson, Rivellino, Tostão, Falcão, Zico e Romário.



A eles se juntam craques presentes na edição de 1965, Friedenreich e Ademir e também Fausto, Domingos, Leônidas, Tim, Romeu, Zizinho, Heleno, Danilo e Nilton Santos. Total: 21 gigantes, divididos de maneira equânime entre Marcos de Castro e João Máximo. Cada um deles assina dez perfis. Como a conta não dá redonda, o texto sobre Nilton Santos, a "Enciclopédia do Futebol", é escrito pelos dois. Na primeira edição, o prefácio era de autoria de Paulo Mendes Campos. Texto mantido na segunda, que ganha reforço de peso com a apresentação assinada pelo colorado Luis Fernando Verissimo. Um timaço.

Gigantes do Futebol Brasileiro nos traz uma sensação de familiaridade. Afinal, muitos de nós vimos jogar os últimos dos perfilados. Ronaldo há pouco defendia o Corinthians, depois de carreira estupenda na seleção e em clubes do exterior. Lembramos dos gols que marcou pela seleção na Copa de 2002, em especial os dois decisivos na final contra a Alemanha. Tivemos Ronaldo por perto ao ajudar o seu último clube a conquistar o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil. É imagem recente.

Como até certo ponto são Gérson, Rivellino e Tostão, companheiros de Pelé na conquista do Tricampeonato no México, em 1970. Naquela Copa, a transmissão direta dos jogos pela TV chegava pela primeira vez ao Brasil e a população, oprimida por uma ditadura militar, podia acompanhar ao vivo as façanhas da "seleção canarinho", como dizia um famoso locutor da época. Fomos todos contemporâneos da "patada atômica" de Rivellino, dos lançamentos de Gérson, da inteligência de Tostão.



Ainda mais recentes são Falcão e Zico, dois dos principais nomes da seleção de 1982, o escrete que jogou muita bola na Espanha, mas foi eliminado pela Itália numa partida que ficou conhecida como a "tragédia de Sarriá" - nome do estádio no qual o Brasil caiu diante de Paolo Rossi, autor dos três gols da sua seleção.

Contemporâneo também é Romário, grande responsável pela conquista de 1994 nos Estados Unidos, que tirou o Brasil da longa fila de 24 anos de títulos mundiais. Até pouco tempo atrás, o "baixinho", hoje deputado federal, desfilava nos gramados, infernizando zagueiros com seu estilo minimalista e fatal.

Todos esses vimos jogar. Sabemos aquilatar o que valiam. Mas, e dos que não vimos? O que falar deles? Torcedores de meia idade podem ter pegado, por exemplo, o final da era Garrincha. Se não moravam no Rio, é provável que tenham acompanhado a carreira do mago das pernas tortas através do rádio. "Ouviram" Garrincha jogar. E, nem por isso, vibraram menos com ele, em especial durante as Copas de 1958 e 1962, quando os jogos eram acompanhados apenas pelas ondas do rádio e, dada as efusões nacionalistas dos locutores, tornavam-se verdadeiras provas de esteira ergométrica para cardíacos.



O que dizer então dos craques do passado remoto, dos primórdios do futebol? Esses só existem através das narrativas. E, é preciso dizer mais uma vez, nem por isso eles se tornam menos familiares aos aficionados do esporte. Nomes como Friedenreich, Fausto, Domingos, Heleno e outros tantos existem para nós filtrados pela lenda que deixaram. Tornaram-se mitos e, como tais, presentes em nossa própria história de torcedores de futebol, mesmo que tenham morrido antes de nascermos.

Ao entrarmos para o mundo do futebol, na infância, herdamos a história desses grandes craques, numa espécie de sedimento da tradição, que passa de pai para filho e constrói o Brasil como país do futebol. Daí a importância das grandes narrativas, como estas propostas por Marcos Castro e João Máximo.

Elas resgatam do passado o pioneirismo de Friedenreich, craque mestiço, filho de mãe negra e pai alemão, mulato de olhos claros que disfarçava o cabelo rebelde sob uma camada de brilhantina. Fried, ‘El Tigre’, foi o primeiro gênio registrado do futebol brasileiro, ainda na fase pré profissional. A viagem no tempo nos traz de volta Domingos da Guia, um dos raros zagueiros a entrar no panteão (a maioria é composta de atacantes e meias). O chamado Divino Mestre matava os torcedores de medo com seus dribles curtos dentro da grande área. Recordamos as vidas de glória e tragédia de Fausto, a Maravilha Negra, morto por uma tuberculose, e Heleno, o craque galã, que acabou seus dias num sanatório de doenças mentais, atingido pela sífilis.

São nossos heróis, se os vimos jogar ou se apenas ouvimos falar deles, em como foram grandes em seu tempo, o legado que deixaram, o fim que tiveram. Fazem parte da nossa história de torcedores. Por isso, no prefácio de 1965, Paulo Mendes Campos tenta desvendar o prazer que a leitura de Gigantes do Futebol Brasileiro havia lhe proporcionado. E encontra resposta tão singela quanto luminosa: "Escreveram um livro sobre mim. Ou sobre você, leitor." É isso mesmo.



Fonte: Luiz Zanin Oricchio / Estadão

Fotos: Divulgação

Brasil, paraíso dos lucros com eventos esportivos

Fifa e COI já asseguram lucros recordes com a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 no Brasil. Para garantir valorização dos contratos com patrocinadores, o argumento foi o do aumento da audiência dos eventos no mundo.

Segundo a Fifa, cerca de 1 bilhão de pessoas assistiram ao menos parte da partida final entre Espanha e Holanda. A entidade alega que nenhum outro evento garante tal exposição às marcas.

Entre as Copas de 2006 e 2010, a audiência subiu 8%, outro fator para elevar os preços. Curiosamente, a audiência da Copa no Brasil em 2010 foi 4% inferior à de 2006. Mas a expansão na Ásia alavancou acordos de marketing para 2014.

Nem os escândalos de corrupção na Fifa foram suficientes para reduzir o valor dos contratos. Apenas com as seis maiores empresas parceiras, a Fifa vai arrecadar US$ 1,6 bilhão (cerca de R$ 2,5 bilhões). Os direitos de TV no Brasil darão à Fifa mais US$ 2,2 bilhões (em torno de 3,4 bilhões), cifra duas vezes maior que a da Copa de 2002.

O interesse pela Olimpíada no Rio em 2016 também bate recorde. Segundo o COI, os contratos com emissoras de todo o mundo devem superar US$ 4 bilhões (aproximadamente R$ 6,2 bilhões).


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terça-feira, 12 de julho de 2011

The Beatles juntos nas Olimpíadas de 2012?

O músico Paul McCartney deu a entender que ele e Ringo Starr podem montar uma versão reformada dos Beatles para uma apresentação na abertura das Olimpíadas, em 2012, que acontecerão em Londres.

"Eu ouvi rumores de que eu posso estar envolvido. Acredito que eles estejam planejando esse tipo de música", disse, quando questionado se a abertura dos jogos teria algo a ver com os Beatles.

"[McCartney] estava escondendo detalhes. Ele tem conversado com os organizadores e disse que adoraria estar envolvido de alguma maneira. Eles também querem Ringo no palco para tornar o evento muito especial", disse uma fonte ao tabloide britânico "The Sun". O tabloide vai ainda mais longe dizendo que os beatles mortos, George Harrison e John Lennon, poderiam ser representados por seus filhos.


Fonte: Folha Online


Foto: Divulgação

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Mais de 50% dos vinhos têm mais teor alcoólico do que informam os rótulos

Um estudo da American Association of Wine Economists (Associação Americana de Economistas de Vinho) revelou que fabricantes da bebida anunciam em seus rótulos um teor alcoólico mais baixo de que o que a bebida tem. O estudo, finalizado em maio, foi realizado no Canadá e usou amostras de garrafas importadas das principais regiões produtoras de vinho do mundo.

Ao longo de 18 anos (entre 1992 e 2009), a pesquisa analisou o teor alcoólico de mais 129 mil amostras de vinhos de países como Argentina, Chile, França, Espanha e Estados Unidos, e revelou que os produtores "sistematicamente" minimizam o conteúdo alcoólico da bebida. O estudo não cita os vinhos produzidos no Brasil.

O teor alcoólico médio dos vinhos analisados foi de 13,3%, enquanto o teor médio anunciado pelos rótulos era de 13,1%. Este número inclui todas as amostras estudadas. No total, 57% dos vinhos traziam números de álcool maiores de que o anunciado nos rótulos. Apenas 10% da amostra avaliada trazia no rótulo a informação correta sobre o teor alcoólico da bebida.

Erro proposital
A pesquisa alega que medir o teor alcoólico exato da bebida é fácil e importante no processo de produção do vinho, e que pode haver má-fé de muitas vinícolas ao rotular a bebida. "Os erros que encontramos não foram feitos de forma inconsciente", dizem os pesquisadores no texto final.

Os pesquisadores alegam que as vinícolas americanas têm incentivos indiretos para "distorcer deliberadamente" a informação sobre teor alcoólico, a fim de pagar menos impostos e até ter maior apelo de vendas.

Segundo o estudo, os vinhos do Chile, da Argentina e dos Estados Unidos foram os que demonstraram a maior diferença entre a quantidade de álcool anunciada e a que realmente estava presente na bebida. Os vinhos de Portugal e da Nova Zelândia foram os que tiveram a média de álcool encontrada na bebida mais próxima da média anunciada nos rótulos.

Os pesquisadores alegam que a motivação para realizar a pesquisa veio da observação que a quantidade de açúcar nas uvas colhidas na Califórnia havia aumentado 11%, o que naturalmente elevaria a quantidade de álcool na bebida após a fermentação deste açúcar.

Fonte: G1

Foto: Divulgação

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Juninho é o melhor batedor de faltas da história, segundo físico inglês

Quando se fala em Juninho Pernambucano, logo vem à memória do torcedor vascaíno o gol de falta marcado contra o River Plate, no empate por 1 a 1 pela semifinal da Taça Libertadores de 1998, considerado por muitos o gol do título naquela competição. Mas basta dar uma breve pesquisada na carreira do jogador para constatar que os gols de falta são, na verdade, uma especialidade do Reizinho da Colina.

O físico inglês Dr. Ken Bray, da Universidade de Bath, na Inglaterra, gerou discussão ao afirmar que Juninho era o melhor cobrador de faltas da história em trecho do livro “How to Score: Science and Beautiful Game” ("Como Marcar: Ciência e Jogo Bonito”, em português), de 2009. O GLOBOESPORTE.COM entrou em contato com o cientista para saber detalhes de sua tese. Segundo ele, existem três tipos de cobrança de falta: com "topspin", assim como no tênis; com "sidespin", com efeito de lado; e a chamada "knuckleball", que, mesmo com pouco efeito, apresenta uma movimentação imprevisível e se assemelha a um arremesso de beisebol:

- Existem três diferentes técnicas utilizadas para cobranças de falta no futebol moderno. Eu digo que Juninho é o melhor cobrador de faltas de todos os tempos porque ele pode explorar todas elas. Pode haver jogadores, como Beckham e Cristiano Ronaldo, que se tornaram especialistas em um determinado método, mas nenhum atingiu a mesma capacidade técnica de Juninho em ser capaz de aplicar todos os três - afirmou, em entrevista por telefone e por e-mail.

De acordo com o físico, atualmente são poucos os jogadores que chutam a bola com pouco ou nenhum efeito. O mais comum nas cobranças de falta é o "sidespin":

- A maioria dos cobradores de falta desvia a bola, chutando-a rápido, com "spin" (giro ou efeito de rotação). O tipo mais fácil de giro para se aplicar é o "sidespin", em que a bola roda, como um pião, sobre um eixo vertical. Ela, então, move-se fortemente para um dos lados durante a trajetória, dependendo se é chutada por um jogador destro ou canhoto.
saiba mais

No entanto, a marca registrada de Juninho é, sem dúvida, a falta cobrada com "topspin". O meia se caracterizou por marcar gols, muitos deles de longa distância ou com pouco ângulo, batendo na bola de uma forma em que ela faz um rápido movimento de cima para baixo, pegando os goleiros de surpresa. Um bom exemplo é o gol marcado contra o River Plate.

- Existem alguns jogadores, como Didier Drogba, que podem chutar a bola com "topspin". Isso é muito difícil de se fazer com a bola no chão, mas, se esse tiro sai, ela vai mergulhar, tornando-se desconcertante para o goleiro. O "topspin" também atinge uma velocidade muito maior do que o "sidespin", porque ajuda a empurrar a bola para baixo, assim como é feito por jogadores de tênis.

O cientista ainda explicou a técnica inspirada em arremessos de beisebol: a "knuclkeball", que é bastante utilizada pelo português Cristiano Ronaldo, do Real Madrid:

- Finalmente, existem cobranças de falta em que, paradoxalmente, a bola é chutada quase sem "spin" e, mesmo assim, atinge muita velocidade. Nesse caso, as forças aerodinâmicas constantemente mudam de direção e tendem a mover a bola durante a trajetória. Isso acontece porque a bola moderna é constituída de poucos gomos. A da Copa do Mundo de 2010, por exemplo, tinha apenas oito painéis, enquanto a da Copa de 2006 tinha 14. Assim, a trajetória da bola se assemelha a um método especial utilizado por alguns "pitchers" (arremessadores de bola, no beisebol), que a lançam com muito pouco efeito. Esse arremesso com a bola de beisebol, que tem apenas dois gomos, é chamado de "knuckleball", cuja movimentação é imprevisível. Estamos vendo esse termo cada vez mais utilizado no futebol: Cristiano Ronaldo explora a técnica muito bem, e replays em slow-motion revelam que ele aprendeu a chutar a bola quase sem "spin".

Ken Bray, que considera o também inglês David Beckam o segundo maior cobrador de faltas de todos os tempos, logo abaixo de Juninho, lamentou o fato de o brasileiro ter deixado o futebol europeu - após oito temporadas no Lyon, ele saiu em 2009 rumo ao Al Gharafa, do Qatar, onde permaneceu até o fim de maio. A esperada reestreia pelo Vasco será nesta quarta-feira (07), a partir das 21h50m (de Brasília), contra o Corinthians, no Pacaembu. Se depender do físico, a torcida cruz-maltina pode esperar grandes momentos de seu camisa 8:

- É uma grande pena que os torcedores europeus não possam mais ver Juninho de perto, mas tenho a certeza de que os torcedores do Vasco vão saborear suas habilidades na produção de gols de falta espetaculares. Aos 36 anos, ele pode não atuar sempre durante os 90 minutos, mas é um grande jogador para se ter no time quando se está no meio de um jogo equilibrado, em que apenas uma cobrança de falta espetacular pode vazar o gol adversário. Nesse ponto, a idade em nada vai interferir. Por tudo isso, acredito que a próxima geração de jogadores de futebol pelo mundo faria bem se estudasse as cobranças de falta de Juninho.

Fonte: Ivan Raupp/ G1

Foto: Getty Images

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Recorde histórico: exame da OAB reprova 9 em cada 10 bacharéis

O resultado final do último exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), realizado em dezembro de 2010, é o pior da história da entidade: apenas 9,74% dos bacharéis em Direito foram aprovados em um total de 116 mil inscritos, segundo dados do Conselho Federal da OAB obtidos pelo JT. Nesse universo também estão incluídos os treineiros, estudantes do último ano da graduação (9º e 10º períodos), que tiveram um desempenho muito superior ao dos diplomados.

Até então, o pior índice do País era de 14% de aprovados, entre os 95,7 mil inscritos no primeiro exame realizado pela OAB no ano passado, de acordo com o jurista e cientista criminal Luiz Flávio Gomes, fundador da rede de ensino LFG. O exame foi unificado em 2010, o que ajuda a explicar, de acordo com Gomes, o aumento no índice de reprovação: a porcentagem de aprovados, na média entre os três concursos anuais, passou de 28,8%, em 2008, para 13,25% em 2010. Antes disso, cada Estado do País aplicava sua própria seleção, o que possibilitava, segundo a OAB, que um candidato se submetesse a provas mais fáceis em algumas regiões do País.
 
Especialistas acreditam que o mau desempenho dos estudantes também está associado à má qualidade da educação básica, à má formação no ensino superior, à falta de dedicação dos estudantes e à abertura indiscriminada de faculdades de Direito. “Não há um culpado só, todos colaboram. Há deficiências nas faculdades, em geral, mas o aluno não se preocupa muito com o curso”, analisa Gomes. “E o exame está mais difícil”, complementa.
 
Para Marcelo Tadeu Cometti, coordenador de pós-graduação no Complexo Damásio de Jesus, o problema da reprovação começa na educação básica. “Os estudantes não têm formação suficiente para entender o que está sendo oferecido no ensino superior e a culpa é do Estado”, diz. “Se você pegar o corpo docente das melhores universidades de São Paulo, por exemplo, e colocá-lo para lecionar nessas faculdades de baixo índice de aprovação, os resultados não serão melhores”, aponta. Para ele, o aluno que “não tem boa formação no ensino fundamental e médio, não tem bons hábitos de leitura e não conseguirá passar no exame”.
 
Diretor-presidente da Escola Paulista de Direito, Ricardo Castilho lembra que, no Brasil, são constantes as mudanças na legislação e nos códigos. “É muito difícil manter-se atualizado”, aponta. “Com a carga horária disponível hoje, de 3.780 horas, é impossível o aluno aprender tudo o que precisa para passar na Ordem”. A existência do exame, porém, é defendida pelos profissionais. “O advogado lida com a liberdade e os bens patrimoniais dos cidadãos. Espera-se que saiba ao menos redigir uma petição ou dar início a um processo”, afirma o coordenador-geral do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coelho. 

“É isso que a prova avalia”, aponta. Vice-presidente da Comissão Nacional do Exame de Ordem, Edson Cosac Bortolai diz que a prova “impede que um advogado despreparado ofereça seus serviços à sociedade. “Seria um prejuízo social muito grande.”

Fonte: Isis Brum/JT

Foto: Divulgação

Tarifas podem variar até 62% entre bancos, diz Fundação Procon

A diferença de valor entre os pacotes padronizados de tarifas bancárias pode chegar a 61,9%, segundo pesquisa realizada pela Fundação Procon-SP e divulgada nesta segunda-feira. O menor valor encontrado foi de R$ 10,50 (banco Itaú) e o maior, de R$ 17,00 (Safra).

A pesquisa comparou as tabelas de serviços prioritários e de pacote padronizado vigentes em 03/05/10 com as praticadas em 16/05/11 em sete instituições financeiras: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú, Safra e Santander.

O levantamento constatou que a Caixa Econômica Federal e o Itaú mantiveram o mesmo valor nesse período. Já o Banco do Brasil elevou o valor do pacote, enquanto as demais instituições reduziram.

COMPARE OS VALORES ENTRE MAIO DE 2010 E MAIO DE 2011

Banco do Brasil - de R$ 13,00 para R$ 13,50
Bradesco - de R$ 14,50 para R$ 12,50
Caixa - R$ 15,00
HSBC - de R$ 17,00 para R$ 13,50
Itaú - R$ 10,50
Safra - de R$ 20,00 para R$ 17,00
Santander - de R$ 18,00 para R$ 14,00