Sábado passado assisti pela primeira vez em DVD um dos filmes que mais marcou a minha geração e que continua, como disse o diretor Oliver Stone, um "assalto a todos os sentidos": The Doors. Acho que essa foi a vez de número 50, mas oito anos após a última audição.
Muita loucura, poesia, rock, diversão e entretenimento nesse clássico cult. Um show nas telas a atuação de Val Kilmer no papel título e lindas canções e imagens de gabarito para contar um pouco do "Rei Lagarto". Nos extras é que percebi que Stone poderia ter ido muito além do que propunha.
Uma das cenas cortadas da edição mostra o que seria um final alternativo e mis justo para o filme. É linda a penúltima cena, quando a câmera percorre o cemitério Pére Lachaise, em Paris, e mostra os túmulos de Oscar Wilde, Bizet, Moliére, Rossini e, por fim, Jim Morrison.
Enquanto o fundo musical tem a melodia de "Adágio" tocada pelos Doors e Morrison declamando "The severed garden", a tomada se aproxima, aproxima, aproxima e mostra o que seria a última morada do bardo, velas, flores e seu busto em pedra.
Stone deveria ter usado a cena que aperece no DVD extra, que mostra o cemitério e depois Jim abrindo uma porta e sendo conduzido pela luz até uma platéia que parece estar em outro plano de existência. A cena é isso mesmo: Jim saiu da vida para entrar na eternidade e o diretor não sacou que seria esse o final mais adequado ao mito.
Mas deixa pra lá. The Doors foi continua sendo um filmaço, o relato sensível e comovente da trajetória meio Orfeu, meio Dionísio, um pouco Nietzche, um tanto Baudelaire e quem sabe Rimbaud, em seu hedonismo adolescente, de Jim Morrison. Salve Morrison, The Rider on the storm.
Sérgio Augusto
Editor da Academia da Palavra