O Instituto Norberto Bobbio divulgou os resultados da pesquisa "Direitos Humanos nas Empresas", desenvolvida pela consultoria Plano CDE, especializada no universo das classes C, D e E, e com apoio da BMF&Bovespa. O levantamento abordou temas como estilo de gestão, participação do funcionário, critérios de promoção e ocorrência de desrespeito e maus tratos.
A Plano CDE ouviu 800 profissionais de empresas com mais de 50 funcionários, no Rio de Janeiro e São Paulo, que atuam no comércio, indústria, bancos (e outras atividades financeiras), e serviços não financeiros como educação, saúde e telemarketing. Segundo a pesquisa, 43% dos entrevistados declararam que ocorreram situações moderadas ou graves de violação dos direitos humanos no último ano no ambiente de trabalho.
Considerando somente as violações graves, que incluem declarações explícitas de preconceitos, agressões verbais e/ou físicas, roubo e assédio sexual, 9% dos funcionários disseram que esses abusos ocorreram em seu local de trabalho. Especificamente em relação às atitudes discriminatórias, 11% disseram que em suas empresas existe discriminação contra negros, mulheres, homossexuais ou idosos, e 7% disseram que já foram vítimas diretas de preconceito. “As abordagens mais discriminatórias foram registradas com mulheres, negros e profissionais com salário inferior a R$ 3 mil”, diz Haroldo Torres, sócio-diretor da consultoria Plano CDE.
“Ainda acontecem atitudes como humilhação e preconceito de raça e gênero em companhias de diversos setores e tamanhos”, diz Raymundo Magliano, presidente do Instituto Norberto Bobbio. “Com esse estudo fica clara a urgência de o tema dos diretos humanos passar a compor o conjunto das preocupações centrais das empresas brasileiras”, diz. De acordo com a pesquisa, 38% dos entrevistados afirmam que as opiniões dos funcionários não são levadas em conta; 30% entendem que alguns chefes tratam os subordinados de maneira desrespeitosa; 21% declararam que alguns colegas são maltratados; 38% disseram não entender os critérios de promoção; e 44% afirmaram que há salários diferentes para a mesma função.
Por segmento
A indústria apresenta os melhores índices de respeito aos direitos humanos. Os resultados da pesquisa mostram que no segmento 84% dos entrevistados consideram que são tratados com mais educação e mais de 76% sentem que suas opiniões são levadas em conta. Já os serviços não financeiros apresentam a pior avaliação em todos os quesitos, registrando os maiores índices por maus tratos e pela falta de clareza nos critérios de promoção, 25% e 46%, respectivamente.
O levantamento aponta ainda que mais de 50% dos funcionários do setor de bancos e serviços financeiros sentem desconforto com políticas de valorização do mérito, mencionando o pagamento de salários diferentes para quem tem o mesmo tipo de atividade, formação e tempo de casa. Para Torres, uma possível explicação deve ser o fato de que setores com sindicatos fortes e atuantes contribuem para que as empresas tratem seus funcionários de maneira mais respeitosa.
Fonte: G1
Foto: Divulgação