A intimidação virtual pode causar mais problemas às vítimas do que espancamentos ou ofensas pessoais, reportaram pesquisadores norte-americanos. E ao contrário das pessoas que praticam bullying na vida real, as que o fazem virtualmente parecem menos deprimidas que suas presas, constatou a equipe do National Institutes of Health. Jing Wang, Tonja Nansel e Ronald Iannotti, do National Institute of Child Health and Human Development, parte do NIH, analisaram dados sobre uma pesquisa internacional de 2005 e 2006 que incluía 4,5 mil adolescentes e pré-adolescentes norte-americanos.
Eles responderam a perguntas específicas sobre sentimentos de depressão, irritabilidade, mau humor e dificuldades de concentração, e também a questões específicas sobre terem recebido agressões físicas, xingamentos, rejeição ou mensagens negativas via computador ou celular – ou feito coisa parecida a terceiros. “Ao contrário do bullying tradicional, que em geral envolve confronto face a face, as vítimas de intimidação virtual não são capazes de ver ou identificar quem as agride,” escreveu a equipe de Iannotti em estudo publicado pelo Adolescent Health.
“Por isso, é mais provável que se sintam isoladas, desumanizadas ou impotentes no momento do ataque,” acrescenta o texto. Os agressores físicos e verbais são eles mesmos deprimidos, em muitos casos. Mas embora exista pouca diferença nos níveis de depressão entre os agressores físicos e suas vítimas, a equipe do NIH constatou que as vítimas de intimidação virtual reportavam níveis de depressão significativamente mais altos que os dos praticantes frequentes de intimidação.
A questão da intimidação pode ter dimensões políticas – prejudica o aprendizado e pode reduzir a média de uma escola nos testes de avaliação. As escolas norte-americanas estão sob pressão cada vez maior para elevar seus resultados e demonstrar melhoras regularmente. No ano passado, a mesma equipe constatou que mais de 20 por cento dos adolescentes norte-americanos que estão na escola haviam sofrido intimidação física ao menos uma vez nos dois meses precedentes, 53 por cento sofreram intimidação verbal, 51 por cento foram intimidados socialmente por meio de exclusão ou ostracismo e 13,6 por cento foram intimidados por via eletrônica.
Fonte: Reuters
Foto: REX