Hugh Hefner, o vovô de roupão vermelho acompanhado de loiras saradas, tem um passado rebelde. E não é só pelo fato de ter criado a revista "Playboy" e lutado contra o puritanismo americano. Hefner, 84, foi um paladino pela liberdade de expressão e pelos direitos civis dos negros, numa jornada que começou nos anos 50.
É esse lado ativista, e não o lado polígamo que guarda Viagra no banheiro, que interessa à canadense Brigitte Berman, ganhadora do Oscar por um filme sobre o músico Artie Shaw em 1985. Berman acaba de estrear nos EUA "Hugh Hefner: Playboy, Ativista e Rebelde", um documentário de mais de três horas, ainda sem distribuição no Brasil, sobre um dos editores mais influentes do século 20 e sua coleção de atos heroicos.
Como, por exemplo, quando usou o "Big Bunny", seu jatinho particular, para "distribuir" bebês órfãos do Vietnã pelos EUA. E adivinha quem ele escalou para cuidar dos infantes na jornada? Mas o time de coelhinhas não ganha muito destaque no filme. Nem suas ex-mulheres ou seus filhos, possíveis herdeiros. Aliás, não se fala nada sobre o futuro da revista. Recentemente, Hefner fez uma oferta para comprar a parte da empresa que já não mais lhe pertence.
IMPÉRIO
Hoje, a "Playboy" é um império internacional, com diversos produtos licenciados e programa de TV. É o que mantém a revista, cujas vendas foram do ápice de 7 milhões de unidades vendidas por mês nos anos 70 para uma circulação de 2 milhões. "Eu não acho que exista alguém que tenha apenas um lado, uma faceta. Queria mostrar um Hugh Hefner que você não vê nas festas", disse à Folha a diretora, que costuma frequentar as sessões de cinema na mansão do magnata em Los Angeles.
Ela fez mais de 12 horas de entrevistas com Hefner, além de vasculhar imagens raras dos programas de TV que ele conduziu no final dos anos 50 reunindo músicos negros e convidados brancos, mistura explosiva para a época. "Sabe, ele não sai nas ruas de roupão. Mas esse é o lado playboy que ofusca o resto."
A revista, fundada em 1953, quase saiu com o nome de "Stag Party", algo como a festa do solteiro ou do veado. "Bem na última hora decidimos mudar o veado pelo coelho. E, se não tivéssemos, dificilmente estaríamos aqui hoje", conta Hefner no filme.
Fonte: Fernanda Ezabella/Folha Online
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